)) Os Burgueses de Calais, foto no Museu Rodin em 29/06/2008.
2009 será o ano da França no Brasil, bem quando 2008 foi o o meu ano na França. Minha estada de um mês em Paris, principalmente, me transformou em mais uma apaixonada pelo país. Isso foi digno de nota para mim, porque nos meus sonhos de viagens a França nunca havia sido uma prioridade.
Porém, como hoje mesmo comentei lá no Marmota, planos não são fáceis, nem acessíveis, nem adequados para todo tipo de pessoa e, além disso, planos costumam quebrar com uma regularidade surpreendente. Assim, a França entrou na minha vida por acaso. Casualmente, quando é lançado o ano da França no Brasil. :)
Em Paris, tive oportunidade de visitar o Museu Rodin durante uma mostra de Camille Claudel e, por isso, penso que esta mostra no Brasil será imperdível.
Mas a programação do Ano da França no Brasil se insere no contexto do grande trabalho que o Ministério da Cultura vem fazendo. A mudança que fizeram e consolidaram no portal sugere uma opção por um outro paradigma no trato com a informação.
O ano da França no Brasil foi a oportunidade de falar sobre o MinC, cujas programações, projetos e notícias são de interesse para os educadores, sobretudo pelas muitas oportunidades de projetos que elas trazem.
Nos últimos dias me vi compelida a escrever e escrever sobre o que está acontecendo em Gaza. Movida pelo clamor da injustiça e por tudo o que tem me chegado por meio dos blogs, twitter, email.
E, neste processo de mobilização, não deixo de sentir a contradição que é saber que o que ocorre em Gaza é o modo de vida de muitos lugares. Que um quase tão poderoso, porém bem menos visível, massacre se processa em muitos cantos do Brasil, por exemplo.
E, além disso, reconheço a precariedade do que eu poderia escrever sobre o movimento histórico que toma visibilidade no que ocorre hoje em Gaza. Me faltam conhecimentos específicos, conhecimentos estes que os que vem acompanhando a situação nos últimos anos possuem.
Assim, respondendo em parte ao que me foi solicitado neste sentido, tenho procurado fazer o que me é possível, indicando as fontes que eu penso ser confiáveis e consistentes:
ou de como a nossa ( ) in ( ) dependência vem tentando (ou não) acontecer.
Conta a história da história que o nascimento de Cristo não foi em 25 de dezembro, que foi um pouco antes, lá por abril. Lá vai a ciência desvelando mais uma mentira famosa. Conta que a Igreja, para dar um empurrãozinho no cristianismo colocou o Natal bem na data de uma festa pagã popular. Sabe como é, festejando juntos, aos poucos os festejos e as festas se identificam e se diluem uma na outra. Foi assim que a festa do sol virou natal.
Foi mais ou menos assim que o sete de setembro marcou a independência do Brasil. Não que alguns fatos , o grito no Ipiranga, a separação legal do Brasil de Portugal etc., não houvessem ocorrido, porém faltou a essência da coisa: a independência. Aliás, a verdade, como no caso da data do nascimento de Jesus, não era importante. Importante era a forma que lhe foi dada.
Já nos disse Debord (1997, p. 18) que quando o mundo real se transforma em simples imagens, as simples imagens tornam-se seres reais e motivações eficientes de um comportamento hipnótico. E a nossa independência é uma imagem tantas vezes recriada que temos como dado aquilo que precisa ser construído.
No Brasil do século XX, conviveram e lutaram entre si três projetos de desenvolvimento e de sociedade (FRIGOTTO, 2004 ; FIORI, 2002): liberalismo econômico, nacional desenvolvimentismo, desenvolvimento econômico nacional e popular. O primeiro, baseado no ajuste fiscal, na redução do Estado, esteve (está?) recentemente atuante, dando sustentação ao governo de Fernando Henrique Cardoso; o segundo, foi o expoente da era Vargas, com seus avanços e suas mazelas e cuja legislação trabalhista vem sendo posta em questão hoje. O terceiro, o plano de construção de uma nação soberana que se relacione internacionalmente em autonomia, considerando a nossa história e valorizando nossa cultura e valores, nunca esteve no poder. Esperava-se que chegasse ao poder quando assumiu Lula.
Os dois primeiros projetos, cada um ao seu modo, legalizaram a desigualdade e a forma excludente de ser de nossa sociedade. Do terceiro, esperava-se que pudesse por fim à nossa dependência e subordinação ao capital e às suas personificações internacionais. Isso implicaria, entre outras coisas, em rever/renegociar nossa dívida externa ; em implantar uma reforma agrária que evitasse que, num país imenso e deserto, milhões de pessoas não tivessem a oportunidade de plantar e viver; uma reforma social (tributária, educacional etc) que diminuisse o fosso de desigualdade.
Porém, para se tornar elegível, Lula e o PT venderam a alma, estabeleceram alianças indefensáveis, que alguns (e eu entre eles) consideraram estratégicas e que hoje vêm a fazer com o governo e o partido a mesma homogeneização com as forças de direita que a igreja conseguiu implantar, num certo sentido estratégico também, entre cristianismo e paganismo ao alterar a data do nascimento de Jesus. Assim, como que se cria uma direita progressista que apoia Lula e uma esquerda moderada que põe em prática os projetos da direita. Deste estranho casamento surge a conjuntura a que estamos submetidos agora e que não deveria, mas surpreendeu a esquerda que acredita que um outro Brasil é possível.
No meu entender, adiamos mais uma vez a possibilidade de legitimar os festejos de sete de setembro e realizar de fato a nossa independência. A resolução da crise que estamos vivendo vai apontar o tamanho deste adiamento. Cabe a esquerda olhar para trás e ver onde as ações acumuladas romperam o limite da medida e determinaram uma trajetória diferente para o seu projeto. Cabe, também, não se deixar levar pelos oportunismos gerados pelo contexto, os quais a direita mais reacionária vem aproveitando tão bem. Desconsiderar as imagens e evitar o comportamento hipnótico.
O que faz um pesquisador quando o fenômeno estudado remete para um beco sem saída? Além de considerar bem se este sem saída é definitivo, o normal é voltar aos dados , à história e ver onde a trajetória eventualmente se desviou. Não permitir que a aparência encubra a essência das coisas. Porque a realidade não se mostra imediatamente ao homem (KOSÍK, 1976). Por isso, muitas vezes, as pessoas conhecem ou manejam a realidade, mas não a compreendem. A divisão do trabalho coopera para a fragmentação do conhecimento e a visão parcial da realidade imediata e, também, para a aceitação de afirmações que até invertem o sentido das coisas.
Neste sete de setembro, proponho uma reflexão que considere que estamos juntos num país e num mundo onde os bons frutos da nossa prática social e do nosso conhecimento se multiplicam e, ao mesmo tempo, se concentram nas mãos de uma parte da humanidade cada vez menor. Uma reflexão que possa pensar alternativas à partir desta consciência e que possa nos conduzir à verdadeira independência. Uma independência que não é um prescindir do outro, ao contrário, uma independência que parte da consciência de nossa interdependência como seres humanos e da autonomia como imperativo ético.
update 12:10 >> vamos as referências: DEBORD, G. Sociedade do espetáculo Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. FIORI, J. L. Nome aos Bois. Instituto da Cidadania. São Paulo, Fundação Perseu Abramo, 2002. FRIGOTTO, G. Brasil e a política econômico-social: entre o medo e a esperança. Trabalho necessário. ano 3 n. 3 Rio de Janeiro: UFF, 2005. KOSÍK, K. Dialética do concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe amanhã o coordenador do Media Lab do Massachusetts Institute of Technology -MIT, Nicholas Negroponte.... (Edileuza Soares, do Plantão INFO)
Primeiro, pra quem ainda não leu, vale muito a pena das uma espiada na última coluna da Cora Rónai para O Globo, publicada como sempre no InternETC. A naturalidade com que Roberto Jefferson se referiu ao blig do Noblat, no seu primeiro depoimento no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, foi percebida pela Cora como emblemática do "triunfo nos blogs"!
Sigam os links que a Elisa aponta, é bem interessante :)
update 5/6/2005: ::Os números do 6.0FISL :: a palestra de Raymond - impressões de Ana Brambilla Parece que a palestra foi muito polêmica e, me baseando no que a Ana conta, não me admiro que tenha sido criticada pela maioria dos hackers. Raymond parece se render à lógica capitalista que é justamente a lógica que o SL enfrenta. A contradição de uma cultura realmente livre numa sociedade capitalista está sempre presente quando se pensa estes assuntos. Ser realista, no caso, parece ser assumir que a realidade é imutável e que temos de nos adaptar a ela. Este processo, que a palestra do Raymond parece evidenciar, cheira a mais uma cooptação capitalista de mais um movimento inicialmente emancipador