terça-feira, abril 04, 2006

polêmicas e eu à deriva ou de como o bicho papão deixou de ser comunista para ser gramsciano.


Pois é, a coisa anda pegando fogo por aí em diversas frentes e eu sem poder entrar na briga. Recomendo a quem está equilibrado na ponta da lâmina da crítica que visite o Bombordo, nos seus diversos posts e o Idelber que retornou à blogosfera em grande estilo.

Esta semana, na quinta-feira, dia 6, é minha estréia no Bombordo. Tinha pensado num texto sobre tecnologia, trabalho e desigualdade social, porém não resisti e estou entrando no tema mais postado do blog: a política, mais precisamente a conjuntura atual. Resolvi colocar um texto que escrevi em junho passado, logo quando a atual crise começava a pegar fogo. Achei interessante trazer a avaliação e a visão que se tinha naquele momento à luz do atual contexto.

Sei que as minhas referências e a vista do ponto de onde eu olho a coisa toda vai atrair a ira daquele povo que olha embaixo da cama antes de dormir para ver se não tem nenhum comunista escondido. Se bem que hoje eles acham que o bicho papão não é comunista, é gramsciano...

Enquanto isso, o Bombordo vai virando referência até nas páginas do Globo.

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domingo, março 19, 2006

Bombordo



Bombordo, postada por suzzinha.

Já está no mar e a pleno, hum..., vapor (?) virando a bombordo, o Bombordo.

O que é?

Melhor ler por si mesmo:

Bombordo

O que rola poraí?

.. estréia, por Gejfin
.. marinheiros de alto quilate, por Lucia Malla
.. está no ar em algum lugar, por Flávio Prada.
.. Zarpou, por Cláudio Costa.
.. a lide..., por D. Afonso
.. todos a bombordo, por Leila Couceiro.

E o tradicional batismo:
Que os deuses abençoem este navio e todos que nele navegarem...

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quarta-feira, setembro 07, 2005

outro sete de setembro


ou de como a nossa ( ) in ( ) dependência vem tentando (ou não) acontecer.

Conta a história da história que o nascimento de Cristo não foi em 25 de dezembro, que foi um pouco antes, lá por abril. Lá vai a ciência desvelando mais uma mentira famosa. Conta que a Igreja, para dar um empurrãozinho no cristianismo colocou o Natal bem na data de uma festa pagã popular. Sabe como é, festejando juntos, aos poucos os festejos e as festas se identificam e se diluem uma na outra. Foi assim que a festa do sol virou natal.

Foi mais ou menos assim que o sete de setembro marcou a independência do Brasil. Não que alguns fatos , o grito no Ipiranga, a separação legal do Brasil de Portugal etc., não houvessem ocorrido, porém faltou a essência da coisa: a independência. Aliás, a verdade, como no caso da data do nascimento de Jesus, não era importante. Importante era a forma que lhe foi dada.

Já nos disse Debord (1997, p. 18) que quando o mundo real se transforma em simples imagens, as simples imagens tornam-se seres reais e motivações eficientes de um comportamento hipnótico. E a nossa independência é uma imagem tantas vezes recriada que temos como dado aquilo que precisa ser construído.

No Brasil do século XX, conviveram e lutaram entre si três projetos de desenvolvimento e de sociedade (FRIGOTTO, 2004 ; FIORI, 2002): liberalismo econômico, nacional desenvolvimentismo, desenvolvimento econômico nacional e popular. O primeiro, baseado no ajuste fiscal, na redução do Estado, esteve (está?) recentemente atuante, dando sustentação ao governo de Fernando Henrique Cardoso; o segundo, foi o expoente da era Vargas, com seus avanços e suas mazelas e cuja legislação trabalhista vem sendo posta em questão hoje. O terceiro, o plano de construção de uma nação soberana que se relacione internacionalmente em autonomia, considerando a nossa história e valorizando nossa cultura e valores, nunca esteve no poder. Esperava-se que chegasse ao poder quando assumiu Lula.

Os dois primeiros projetos, cada um ao seu modo, legalizaram a desigualdade e a forma excludente de ser de nossa sociedade. Do terceiro, esperava-se que pudesse por fim à nossa dependência e subordinação ao capital e às suas personificações internacionais. Isso implicaria, entre outras coisas, em rever/renegociar nossa dívida externa ; em implantar uma reforma agrária que evitasse que, num país imenso e deserto, milhões de pessoas não tivessem a oportunidade de plantar e viver; uma reforma social (tributária, educacional etc) que diminuisse o fosso de desigualdade.

Porém, para se tornar elegível, Lula e o PT venderam a alma, estabeleceram alianças indefensáveis, que alguns (e eu entre eles) consideraram estratégicas e que hoje vêm a fazer com o governo e o partido a mesma homogeneização com as forças de direita que a igreja conseguiu implantar, num certo sentido estratégico também, entre cristianismo e paganismo ao alterar a data do nascimento de Jesus. Assim, como que se cria uma direita progressista que apoia Lula e uma esquerda moderada que põe em prática os projetos da direita. Deste estranho casamento surge a conjuntura a que estamos submetidos agora e que não deveria, mas surpreendeu a esquerda que acredita que um outro Brasil é possível.

No meu entender, adiamos mais uma vez a possibilidade de legitimar os festejos de sete de setembro e realizar de fato a nossa independência. A resolução da crise que estamos vivendo vai apontar o tamanho deste adiamento. Cabe a esquerda olhar para trás e ver onde as ações acumuladas romperam o limite da medida e determinaram uma trajetória diferente para o seu projeto. Cabe, também, não se deixar levar pelos oportunismos gerados pelo contexto, os quais a direita mais reacionária vem aproveitando tão bem. Desconsiderar as imagens e evitar o comportamento hipnótico.

O que faz um pesquisador quando o fenômeno estudado remete para um beco sem saída? Além de considerar bem se este sem saída é definitivo, o normal é voltar aos dados , à história e ver onde a trajetória eventualmente se desviou. Não permitir que a aparência encubra a essência das coisas. Porque a realidade não se mostra imediatamente ao homem (KOSÍK, 1976). Por isso, muitas vezes, as pessoas conhecem ou manejam a realidade, mas não a compreendem. A divisão do trabalho coopera para a fragmentação do conhecimento e a visão parcial da realidade imediata e, também, para a aceitação de afirmações que até invertem o sentido das coisas.

Neste sete de setembro, proponho uma reflexão que considere que estamos juntos num país e num mundo onde os bons frutos da nossa prática social e do nosso conhecimento se multiplicam e, ao mesmo tempo, se concentram nas mãos de uma parte da humanidade cada vez menor. Uma reflexão que possa pensar alternativas à partir desta consciência e que possa nos conduzir à verdadeira independência. Uma independência que não é um prescindir do outro, ao contrário, uma independência que parte da consciência de nossa interdependência como seres humanos e da autonomia como imperativo ético.

update 12:10 >> vamos as referências:
DEBORD, G. Sociedade do espetáculo Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
FIORI, J. L. Nome aos Bois. Instituto da Cidadania. São Paulo, Fundação Perseu Abramo, 2002.
FRIGOTTO, G. Brasil e a política econômico-social: entre o medo e a esperança. Trabalho necessário. ano 3 n. 3 Rio de Janeiro: UFF, 2005.
KOSÍK, K. Dialética do concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.

update 12:25 em diante >> outros posts dos blogleft:
:: Nós na Rede - Ações coordenadas de blogagem coletiva, projeto que nasceu da Blog-Left (copiei da Elenara) >> a qualquer momento deste batday.
:: Pátria - Afonso
:: Sete de setembro com Nós na Rede - Elenara
:: Hoje é feriado, mas eu trabalho - Lixo tipo especial.
:: Ode ao umbiguismo - Monicômio
:: Independência ou Morte - Túlio Vianna
:: O que significa independência hoje - Stuck in Sac
:: Independência e Corte - Lucia Malla
:: O país do swing é o país da contradição - Denise Arcoverde
:: Independência ou Maya - smart shade of blue
:: Às margens do Ipiranga - NCC
:: Te amo mesmo assim - Pensar Enlouquece
:: Como mulher de malandro - Contra o Consenso
:: Repensando a independência - Cynthia Semíramis

update 15h >> outros blogs que aderiram, coletado pela Denise:
:: Brasil - À Francesa
:: Brasil - Pelo Cordão - C.O.S.F. Com o sotaque francês
:: Design brasileiro - Básico e Necessário
:: Dia da independência do Brasil - Nutriane
:: Independence Day - Chez Moi
:: Liberdade, Liberdade - Encontros do Cotidiano (minha mãe)
:: Meu País - Papel Maché
:: Onde cantam os sabiás... - Tudo Pode Acontecer
:: Pátria Amada!!! - Entre Dois Mundos
:: Sete de Setembro - A Sopa no Exílio
:: Sob o mesmo céu - Macaxeira Blues

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