quarta-feira, dezembro 31, 2008

Feliz 2009!


Os terroristas do jogo usam o Kefiah, embora no modo de ser da Palestina os terroristas usem o Kipah, também.


Mas o que importa na simbologia deste discutível jogo é o movimento da intolerância, a soberba das soluções finais.



Acesse o link, mire e extermine os "terroristas". E pense, mesmo que pensar atrapalhe algumas pessoas.

"Aquele que não sabe instalar-se no limiar do instante esquecendo todo o passado, aquele que não sabe ficar de pé sobre um único ponto, sem temor e sem vertigem, esse nunca saberá o que é a felicidade." (Walter Benjamin junto com Nietzsche)

2009 será aquilo que fizermos dele.

Felicidade :)))

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segunda-feira, dezembro 29, 2008

Genocídio


Em meio as festas e a gratidão que a maioria de nós expressa por mais um ano de luta que possibilitou sermos mais e melhor, permanece sentimento de impotência perante o sofrimento que é o modo de vida de muitos neste mundo.
Todavia, antes que vire este ano, é preciso que cada um que tenha um espaço de voz grite com as forças que tiver contra o massacre que vem sendo perpetrado na Palestina. Em 3 dias de sucessivos ataques, realizados em horários nos quais as pessoas se deslocavam pelas ruas, já são mais de 300 mortos.
Fazendo a minha parte indico a resenha de Daniel Lopes, A "transferência compulsória" palestina, e o excelente e emocionado texto de Idelber Avelar, 300 mortos e 1000 feridos em Gaza: Israel continua assassinando e os líderes mundiais se calam.

)) pedras contra tanques - imagem de Haitham Sabbah

update:

TV Globo editorializa genocídio em Gaza e Israel testa munição de tungstênio em Gaza, por Cristovão Feil do Diário Gauche, mostrando a pseudoconcreticidade instigada pela midia e o horror da banalização da guerra.

Israel, por José Saramago.

Israel usa Twitter e Youtube para divulgar informações - na Wired.

Verdadeira história não é a contada por Israel  - por Johan Hari no Vermelho.org

Carta aberta de Uri Avnery a Barack Obama - traduzida por Idelber Avelar

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sábado, dezembro 27, 2008

Google Street View - a vista das ruas nos mapas do Google


Desde julho expandiu-se exponencialmente as possibilidades de vista dos locais pelo google maps. Arrastando e soltando o "bonequinho" que aparece junto aos controles do mapa, podemos nos posicionar para uma vista 360º com aproximação variável.

Abaixo, para testar, uma vista do local onde morei em Paris, em julho:


Exibir mapa ampliado

* ali, ali... A porta de entrada está bem em frente e, na esquina tem o Franprix

update 02/01/2009:

Realmente Paris não tem mais segredos e, em breve, nenhum lugar os terá. Como não foram as minhas reais janelas e portas as invadidas por estes fotógrafos fantasmas, só me arrepiei quando li a narrativa do Diego Vianna.

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quarta-feira, dezembro 24, 2008

Aos meus amigos



Aos meus amigos, foto postada por suzzinha.

Podem estar certos que os meus dias foram melhores por causa de vocês.
Eu aprendi mais, me diverti mais e pude ser mais por causa de vocês.

Que em 2009 possamos preservar as coisas boas que vivemos, que
encontremos sabedoria para lidar com aquilo que não compreendemos ou não
controlamos, e que muitas bençãos nos sejam acrescentadas.

Que a paz e a solidariedade iluminem o nosso caminho e que o amor seja o
início e o fim de tudo.

Feliz Natal e Feliz 2009!



sábado, dezembro 20, 2008

Para lembrar um dia especial



Parc Floral, foto postada por suzzinha.

Parc Floral
Parc Floral, foto postada por suzzinha.

Hoje me deu vontade de andar por aí sem destino certo. De não ter limites de tempo e de espaço a não ser o que a possibilidade de andar coloca.


Janeiro.., pode ser :)

* as fotos são para lembrar um dia especial num belo lugar

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segunda-feira, dezembro 15, 2008

A atualidade de Marx


Nada como uma das recorrentes crises do capital para trazer o foco para Marx. Alguns falam em 'reviver' Marx, como se o seu pensamento estivesse morto e não apenas esquecido, desconhecido e, pior, mal interpretado.

E é por aí que começam a pipocar ensaios, notícias, papo de boteco e outras expressões falando em Marx e em como ele explicou o que vem acontecendo.

Hoje, o Pedro Dória conta que Henry Kissinger está fazendo previsões para o futuro dos Estados Unidos com base na leitura de Marx. Aquele que foi uma importante peça no golpe que acabou com o governo socialista de Salvador Allende, contraditoriamente, usa o mesmo fundamento teórico.

Stuart Hall e outros pensadores que, embora a raiz marxista, se aproximam mais do viés pós-moderno, vem sendo usados como uma referencial teórico para uma possível explicação marxista da web 2.0. [via Intermezzo]

Leonardo Boff, coerente com seu pensamento, avisa que está para chegar o pior da crise, porque o princípio e o fim do capital é o próprio capital o qual por meio do consumo e da produção pela produção em favor da acumulação, não tem limites. - A crise que aí está é mais que uma crise econômico-financeira, é uma crise de humanidade - avisa ele.

Por volta dos anos 1860, Marx havia se convencido da natureza insustentável da agricultura capitalista. - explica o Prof Gilberto Dupas em artigo sobre agricultura, alimentação e saúde, publicado pela Folha e replicado pelo Diário Gauche.

Ler e reler Marx ...

A história não conhece sentido único. Nem longitudinalmente, de acordo com a seqüência dos séculos. Nem em corte, quando um pensa a vida do outro enquanto o outro vive o pensamento do primeiro, sem que filosofia e história, economia e política jamais consigam reconciliar-se na harmonia calma da simples "correspondência". Pensado como "atraso", em relação a uma norma temporal imaginária, o anacronismo acaba por impor-se não como anomalia residual, mas como atributo essencial do presente. (BENSAID*, 1999, p. 45)
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Para quem não quer começar direto na fonte, é possível ir por aqui:

* BENSAÏD, Daniel. Marx, o intempestivo : grandezas e misérias de uma aventura crítica (séculos XIX e XX). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. 512p.

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update em 16/12

Falando em Daniel Bensaïd, visitem esta postagem do Alfarrábio sobre o documentário sobre o Os irredutíveis: teoremas da resistência para o tempo presente.

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sábado, dezembro 13, 2008

O Gêmio, sim, é internacional


A Cláudia mandou por email e quase não acreditei. Embora o Prision Break não seja assim aquela referência, aí está:


Gremio na Libertadores e Prison Break from Giovani Spagnolo on Vimeo.

referência: Helio Paz

* não é uma virada futebolística...

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sexta-feira, dezembro 12, 2008

Jingel bellsss





Viva o Grêmio :))

Para a Raquel que queria cartões de natal! :))

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Mazzzahhh, Grêmio!!!!


imagem capturada da tela
Notícia quente lá do Portal do Grêmio:


A Estrela Grêmio está localizada na constelação de Órion, que pode ser vista de qualquer parte do mundo. Segundo a astrologia, Órion foi um caçador de proporções gigantescas. Localizado no pé do guerreiro, o astro representa a vitória do time contra o Hamburgo, em 11 de dezembro de 1983.

Essa é a primeira vez que algum time realiza uma ação do gênero. O hotsite comemorativo dos 25 anos, onde a estrela pode ser vista, pode ser visitado no endereço http://www.estrelagremio.com.br [leia mais]

Mais:

Globo Esporte

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terça-feira, dezembro 09, 2008

Leffe



Leffe, foto postada por suzzinha.

Paris deixou sequelas (embora a Leffe seja belga) ... E, considerando que é recém terça-feira, a coisa toda se transforma em pecado...

Je m'baladais sur l'avenue le coeur ouvert à l'inconnu
J'avais envie de dire bonjour à n'importe qui................

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google não para...




Pelo google reader, que trocou de roupa esta semana, descobri que o gmail agora pode gerenciar as nossas tarefas e, caso nos atrapalhemos com o significado de alguma palavra ou precisemos de tradução, tem o dicionário do google.

Soube, também, que o buscador em blogs do google agora não indexa apenas feeds.

Agora que o google street view cobre quase todas as ruas dos Estados Unidos e boa parte de espaços em diversos outros países, já tem gente bem preocupada com toda esta abrangência, pois é certo que o google sabe tudo sobre nós.

Ah... mas eu gosto muito do google reader e, amanhã (acho), que vou falar sobre isso. Agora está dando basquete na tv e eu estou aqui... pecando. Mas isso, também, é outra história.

* créditos: foto de Manfrys no Flickr.

** update 10/12 : Agora dá para mandar SMS pelo Gmail. Pena que quem recebe no telefone móvel paga a conta. Por enquanto só funciona para telefones nos USA.

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Pontal do Estaleiro



charge do Eugênio

Mais sobre o Pontal do Estaleiro no Porto Alegre Resiste.

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Assim dá até vontade de fazer dieta


Eu tenho algumas reservas em relação a saborear uma refeição que esteja me encarando, mas estes pratos animados podem alegrar qualquer almoço. Eu bem que gostaria de ter um destes à disposição em certos compromissos...



A receita está em Anna The Red1s Bento Factory junto com muitas outras. Achei incrível :)
E tem muito mais fotos no Flickr

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sábado, dezembro 06, 2008

O que eu aprendi sobre a aprendizagem em 2008


Esta é a questão proposta pelo Learning Circuits para dezembro. A idéia é responder e linkar o original "What did you learn about learning in 2008?".

Proponho que linkem, também, esta minha resposta e as demais que forem surgindo para formarmos a rede, o que vai ampliar o debate.

O que eu aprendi sobre a aprendizagem em 2008?

A resposta absoluta (e contraditória) seria: apesar de muito, nada. É que, no meu entender, aprendizagem é processo sempre inacabado, recursivo, dialético. As minhas certezas estão sempre dialogando com as as minhas dúvidas e, assim, nunca perdem a sua provisoriedade.

Em 2008, procurei estar atenta para aquilo que se situa nas fronteiras dos conteúdos, nas entrelinhas de nossos planos de aula. Aprendi que posso planejar um pouquinho estas brechas e, nelas, dar espaço para que emerjam questões, ações, processos que geram mais aprendizagem.

Procurei conhecer um pouco mais sobre as tendências e os movimentos de aprendizagem em e na rede. Tentei melhorar as formas de colaborar e compartilhar e, neste processo, ando me questionando sobre as formas e os meios de atuar neste campo. Foi enriquecedor, por exemplo, o uso do Google Reader e das possibilidades de ser parte de uma rede onde circula a informação já filtrada, recomendada, comentada e, em muito, discutida.

Nos contatos online, nos diversos espaços e redes, estou aprendendo a aceitar que é impossível dar conta de tudo, pricipalmente das solicitações que vem direto, pedidos de auxílio, de recomendações. Procuro responder, mas estou aprendendo a trabalhar com limites. Às vezes, a melhor ajuda é dedicar meu tempo a refletir e compartilhar a minha reflexão sobre assuntos que considero importantes (e não só para mim), em vez de dar receitas que a curto prazo ajudam, mas a médio prazo não contribuem para a aprendizagem de ninguém.

Ainda neste campo das relações na rede, venho aprendendo a ter paciência com a aprendizagem do outro (e isso aqui para mim é muito difícil). Já melhorei bastante, mas estou longe ainda de ser alguém "adorável" neste quesito.

Tenho procurado lembrar, em todas as situações que surgem, dos limites que a comunicação online tem. Por trás de uma ação, de um texto, existe um iceberg de outrros textos, ações, reações, sentimentos e sentidos, que não estão a disposição de nossa interpretação. Principalmente em relação a comunicação que usa somente uma forma de expressão: oral, escrita, visual, ...

Quando os meios que dispomos para comunicar são parciais, insuficientes e, até, falhos, podemos recriar Nietzche e pensar em interpretações ao invés de verdades. (e até nesta interpretação de Nietzche isso vale)

Assim, do que leio, vejo, escuto na rede, tenho tentado não julgar, não classificar, pois estou diante de apenas uma parte muito pequena da realidade que circunda, inclui e põe as condições para aquela comunicação. É difícil e as recaídas são bem constantes. Exatamente como na nossa conhecida e reprovável mania de emitir julgamentos sobre pessoas e fatos. Online é mais complicado ainda. Para mim, como pesquisadora esta é uma aprendizagem muito importante.

E estou aprendendo um pouco sobre o Conectivismo. Aliás, como não pude participar ativamente durante o CCK08 , a idéia é tentar rever o material nas férias.

(este é uma postagem provisória e aberta a atualizações)

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Refletindo sobre as minhas previsões sobre a aprendizagem em 2008


Em janeiro deste ano, seguindo a proposta do Learning Circuits em uma de suas "Grandes Questões", publiquei as minhas previsões sobre a aprendizagem em 2008. Hoje, propus uma pequena avaliação destas previsões. Uma forma de rever o processo e confrontar a dimensão de nossa capacidade de interpretar o contexto e as tendências em educação.

Então, reescrevo e comento as minhas previsões, considerando a minha interpretação do contexto atual. Não se surpreendam com a quantidade de pronomes possessivos :) A idéia é deixar claro que esta esta é uma forma individual e particular de olhar a realidade.


Lá vai:

Eu penso que em 2008 continuará a tendência da valorização e do incentivo da aprendizagem nos espaços não formais. É uma tendência que vem se firmando faz tempo e que está conquistando cada vez mais a atenção dos professores, por exemplo.

Penso que esta previsão foi correta. Espaços não formais como os gerados por redes mediadas por blogs, wikis, sites de redes sociais, e outros ambientes\tecnologias que permitem a interligação e a interação foram suportes importantes de processos de aprendizagem, especialmente para os professores que, aos poucos, vão se apropriando destas tecnologias.

A aprendizagem online também deverá aumentar, conforme aumenta o uso das tecnologias da informação e da comuicação nas escolas. Sites de redes sociais (Orkut), mensagens instantâneas, blogs, wikis, agregadores e o email serão mais usados por professores e alunos.

Esta previsão tem pelo menos 3 desdobramentos. Primeiro: a possibilidade de aprendizagem online realmente cresceu, pois a oferta de cursos online aumentou espantosamente (aqui não entro na discussão sobre a qualidade dos cursos e os interesses em jogo neste movimento de expansão).

Em segundo lugar, este crescimento é relativo nas escolas. Ainda é problemático afirmar que as escolas estão mais "informatizadas", ainda permanecem muitas dificuldades na maioria das escolas. Ter computadores é apenas parte da questão.

E, em terceiro lugar, blogs, wikis, sites de redes sociais etc., mesmo tendo seu uso expandido, inclusive com educadores tendo conquistado prêmios em Educação com projetos que os utilizam, ainda são muito mal compreendidos nas escolas e, de modo geral, não integram as práticas educativas cotidianas. Em algumas instituições e até em redes educacionais tem o acesso bloqueado.

Apesar das leis contra o uso dos telefones móveis em sala de aula, penso que a educação começará a perceber as potencialidades destes aparelhos no contexto educativo: comunicação, uso de imagem, documentação, mapeamento e , até, cinema.


Penso que a educação começa a perceber estas potencialidades, porém a reflexão sobre isso ainda é muito incipiente. A premência de cumprimento de prazos, conteúdos e dos demais rituais da escola, restringem as possibilidades de aprofundar esta e outras reflexões. Eu acreditava que se pudesse andar mais do que se andou neste tema em 2008.

Dando força para as previsões anteriores, crescerá a mobilidade com a disseminação das conexões sem fio e o barateamento de hardwares mais móveis (notebooks, pdas, smartphones, ...)

Mesmo considerando a nova crise do capitalismo internacional, continua crescendo a mobilidade, a disseminação das redes sem fio, o barateamento das alternativas mais móveis de hardware. Além disso, notei um movimento de super oferta destes bens, num sentido de expansão dos tipos e formas, funcionalidades, utilidades e inutilidade, algumas claramente estratégias mercadológicas.


Estes são meus breves comentários, passíveis de atualização, sobre o que eu havia previsto em 2008. Espero que os leitores tirem um tempinho paa contribuir com esta discussão.

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Aprendizagem


No início deste ano, seguindo o Learning Circuits em uma de suas "Grandes Questões", publiquei as minhas previsões sobre a aprendizagem em 2008 e convoquei quem quisesse a seguir a proposta. Rendeu boas reflexões e até pensei em lançar questões periodicamente como o LC, mas adaptando ao nosso contexto.

Eram as minhas férias e, durante este período, a gente acha que poderá tudo no ano seguinte.Todavia, fevereiro chega e traz consigo as demandas de sempre para quem é professor. E lá se foram os pequenos sonhos das férias.

Hoje, li a proposta do LC para a grande questão de dezembro e achei interessante: O que aprendi sobre a aprendizagem em 2008? Além disso, relendo as minhas previsões de janeiro/2008, penso que seria muito instigante fazermos (destaque para o verbo no plural) uma pequena avaliação sobre estas nossas previsões. Seria uma preparação para, em janeiro, fazermos nossas previsões para 2009.

Assim, lanço os dois desafios:

Vamos lá?

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quinta-feira, dezembro 04, 2008

Formatura no Colégio Militar


CMPA - formatura 2008

Dizem que não se deve dizer ou fazer nada no calor da emoção, mas hoje eu resolvi contrariar todo bom senso. Estou assim desde ontem, da festa de encerramento com os meus guris do basquete. Com a chuva atrapalhando um pouco, reunimos a turma desde os pequenos do 6º ano até os que estão se formando.

E aí, quando eu olhei para um pingo de gente correndo entre os maiores e me dei conta que há uns poucos anos atrás eram estes maiores que corriam entre outros, vi que a roda do tempo não para. E desde ali a emoção vem comandando as minhas horas.

O dia passou e eu penso que descontei à volta a frustração de ver que não tem como reter o tempo e segurar os momentos felizes e as pessoas da nossa vida.

Sai de casa lembrando que em 2002 juntamos aquele bando de crianças agitadas e fomos acertando as turmas de educação física, olhando por cima da cabeça de gente que hoje eu tive de ficar na ponta dos pés para abraçar.

De lá para cá fomos nos conhecendo, fazendo alianças, brigando e fazendo as pazes. Nos compreendendo tanto quanto aquele espaço desconhecido que nos separa do outro permite. Espaço que tentamos vencer cada vez que dialogamos (ou não). A comunicação tem sempre muito ruído :)

E, incrivelmente, é este outro que passamos tanto tempo tentando compreender que vai contar a nossa história. Porque nem o nosso começo e nem o nosso fim estão em nossas mãos (Bakhtin diz algo assim). Que é o outro que desenha nosso ponto final.

E eu percebo que, em certo sentido, eu conto uma parte da história desta gurisada. Lá do meu jeito, com a imperfeição que toda expressão tem. E fico pensando que cada um deles também pode contar parte da minha história.

Hoje foi um marco nestas nossas narrativas. Durante mais de duas horas misturamos todas as emoções possíveis, até aquele momento em que eles saem do colégio, cruzando as arcadas e o portal. Cabeças erguidas e lágrimas nos olhos, todos sabendo que, mesmo voltando, não voltarão mais.

Eles vão para o mundo e fica a saudade. E a vontade de que atravessando os espaços desconhecidos que inevitavelmente temos entre nós e os outros, possam ter levado alguma coisa minha. Mesmo que pouca diante do muito que me deixaram.



A entrada da bandeira.

vídeo de 10 min: Formatura CMPA 2008

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terça-feira, dezembro 02, 2008

wikis, blogs - autoria, autenticidade e controle


Em Dialética do Concreto, Kosík, fundamentado em Marx, diz que as coisas não são entregues a nossa compreensão instantaneamente. Explica que, embora usem o dinheiro, os homens não compreendem o dinheiro. O que ele chama de pseudoconcreticidade é uma camada que tem de ser rompida, não para encontrar algo novo que estava escondido, mas para dialéticamente poder compreender a realidade.

A escrita em wikis e blogs é bastante difundida e, inclusive, estudada. Porém, será que fora do âmbito de alguns estudos, as pessoas compreendem o uso dos blogs e wikis?

São tecnologias recentes, assim como bem recente é seu uso em educação, por exemplo. Inúmeros projetos envolvendo professores, alunos e escolas têm sido desenvolvidos. Porém, eu pergunto: em quantos destes projetos existiu a reflexão sobre os limites e as possibilidades (as contradições) do uso destas tecnologias?

Um wiki, originalmente, é uma página de edição aberta, coletiva, de autoria compartilhada. Quantos professores, alunos e instituições estão preparados para isso? Para compartilhar a autoria uns com os outros, para abrir mão de assinar seu texto?

Poucos. E é por isso que a maioria dos wikis de projetos educacionais não usa a edição aberta e compartilhada. Os wikis têm senhas, usuários identificados. São, enfim, controlados.

Quase todos ficam preocupados com o conteúdo, com a correção da língua, com as pixações que normalmente acontecem em wikis (as intencionais e as acidentais). O mesmo vale para os blogs e eu mesma passei por estas preocupações tempos atrás.

Se, por um lado, controlar mantém uma certa ordem (ou uma ordem considerada certa...), por outro perde-se momentos de rica aprendizagem. De discutir a produção coletiva, a colaboração, o despreendimento da identificação individual. De conversar sobre o anonimato, a autenticidade e a autoria nas situações que ocorrem na produção dos hipertextos.

Estão os professores preparados para isso? Ou os mecanismos de controle e a autoridade sobre o texto de todos são acionados cada vez que a situação for diferente do que o professor considera adequada? Aliás, quem determina (!) o que é adequado?

Considerando as experiências que tive com a utilização de wikis, observo que o mesmo professor (ou aluno) que fica histérico com a alteração ou a destruição de uma contribuição sua, é, em muitos casos, o mesmo que posta imagens e textos copiados de outros sites sem fazer referência da autoria. O que é, no meu entender, um incidente muito mais grave.

Na PEAD-UFRGS, tivemos a edição compartilhada (login compartilhado) de um wiki no qual quase 300 professores contribuíram. Imaginem todas as questões de autoria, pixação, vandalismo, até brigas .... Foi muito enriquecedor vivenciar esta experiência.

Mostrou que é equivocado tentar ficar 24h de plantão para manter o wiki na ordem que TU achas adequada. Proporcionou exercer a paciência e o acolhimento em relação a aprendizagem do outro, em relação aos limites da própria tecnologia e em relação às próprias falhas como professores.

O que seria mais urgente discutir com os alunos e colegas: o que é adequado e o que não é, as mazelas do anonimato e das pixações, o uso de textos/imagens de outros autores sem referência (plágio), os limites e possibilidades de cooperar?

E aí voltamos a reflexão sobre todos estes processos. Em que medida copiar, colar, plagiar, apagar, alterar no âmbito de um blog ou wiki de edição compartilhada são ações realmente compreendidas em todas as suas dimensões?

Eu penso que estes "problemas" são bem vindos quando trabalhamos em projetos com produção colaborativa\cooperativa. São bem vindos na medida que abrem espaço para discutir e refletir sobre estas questões e avançar no sentido de compreender a realidade.
* o texto é do Professor Marcelo, publicado "no lugar errado" e deletado (uma hora depois) em ser professor\ser professora. Um exemplo do que se perde...

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