sábado, maio 30, 2009

Nas ondas do Google


Assunto dos últimos dias, o Google Wave promete revolucionar mais uma vez a comunicação na web. Integração entre aplicativos diversos, colaboração em tempo real, mobilidade, ... por aí vai. Boa ideia acompanhar esta maré e ver a favor de quê e de quem/ contra o quê ou quem vão estas ondas. Especialmente a proposta "código aberto" da novidade.



((sem tempo para procurar, se alguém sabe onde tem vídeo legendado me avise))

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segunda-feira, maio 25, 2009

---- motivos para não cometer twitter ... cídio


Eu ia completar a entrada anterior, mas resolvi escrever outra. Até porque esta aqui segue um outro rumo. O interesse é registrar aqui, na esteira do meu percurso, um pouco do que observo daquilo que ocupa, neste momento,um considerável espaço na rede.

Independente do que venho observando no Twitter em si, ou lendo nos muitos ensaios sobre ele, encontro alguns motivos para pensar que o movimento de apropriações pode achar espaços interessantes para os resumidos 140 caracteres.

Em relação ao que é publicado sobre o Twitter, vou confessar que leio meio na diagonal porque o tema não é uma prioridade para mim, mas gosto, por exemplo, de ler o que escreve a Raquel Recuero que procura teorizar sobre dados empíricos cuidadosamente garimpados.

E, por outro lado, me divirto um pouco observando o pessoal pilotando a onda, deslizando pelos caminhos da visibilidade. Expondo em 140 caracteres porque trocou o RSS pelo Twitter, por ex.

Então, aí vão algumas possibilidades que eu penso serem caminhos de uma apropriação interessante, baseadas numa rede twitter ampliada:

1 - explorar as possibilidades de uma rede imensa de gente "à postos".

2 - as #hastags usadas para reunir informações sobre eventos / situações / lugares / movimentos (embora cabia um filtro à mais aqui). Em especial acontecimentos que necessitam mobilização-informação ou informação alternativa. (apesar da possibilidade grande de spam)

3 - o uso de uma #qualquercoisa para reunir uma conversa de um grupo.

4 - a possibilidade rápida de mobilização inteligente usando a rede, os RT e as #...., combinando com SMS.

5 - os canais BEM específicos de notícias (avisos) BEM curtas em tempo real. Ex: eu assino @rebote que dá notícias sobre o que anda rolando no basquete.

6 - o refino da busca em conteúdo do Twitter combinado com RSS.

Ainda assim estas coisas podem ser feitas combinando SMS, email, feed RSS, listas de discussão e blogs, embora diminuindo o espectro público e de rede mais ampliada.

E, btw, o Twitter poderia ter furado o desconto na gasolina. Abasteci o carro hoje antes das 7 da manhã :(

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domingo, maio 24, 2009

o Twitter, o ruído e a relevância


Vou iniciar esta entrada avisando que não se trata de uma análise das possibilidades do Twitter a partir de uma pesquisa sistemática. Vou falar de algumas de minhas observações como usuária antiga, porém muito muito leve do Twitter.

((a imagem aí do lado é brincadeirinha; o Garfield comeu foi a baleia))

((eu twittei 687 vezes desde agosto de 2007; são 21 meses = +- 32 twitts/mes = +- 1 por dia))

Sigo e sou seguida por poucas pessoas: sigo 117 e sou seguida por 270. Portanto, usuária bem leve.

Agora as minhas observações:

1 - o volume de mensagens que recebo de cada um dos "seguidos" mantém uma curva constante. Mais ou menos uma senóide que não passa para o lado negativo do eixo y, mas que fica meio que abaixo da média do usuário.

2 - os picos que fogem bastante da média coincidem com algum "evento" que atravessa a rede.

3 - Nos últimos 20 updates (9 usuários) dos meus seguidos:

pessoal ........................ ============
informacao ................... =====
links ............................ ====
gp mônaco ................... ===
compartilhar (vídeos) ..... ==
@xxx ........................... =
#xxx ............................ =
noticia
diálogo
RT

Por ser domingo, 9h, o "pessoal" suplanta o "informacional"? O que eu estou fazendo > o que está acontecendo. Em 27 de abril (uma segunda-feira), às 10h, fiz, pela primeira vez, esta manobra de olhar os últimos 20 twitts:
18= notícias, indicação de textos; 3 respostas, papo, saudações gerais; zero mensagens diretas

4 - Dos 20 updates, 2 trouxeram informações relevantes (para mim), porém uma delas já recebida e lida via RSS. Se eu gostasse de corridas de carro, acharia mais 3 interessantes do ponto de vista da interação.

5 - nenhum diálogo, nenhuma notícia (das refências ao GP somente uma podia ser considerada quase uma notícia)

6 - meus seguidos são 'quietinhos' :), até porque não sigo tagarelas :) Quando recebo um novo seguidor, sempre penso em retribuir, dependendo do que leio nas suas mensagens. Nem sempre é possível... Estes dias, recebi um seguidor (usuário pessoal) que, em menos de um ano, tinha uns 30.000 updates, numa média de mais de 80 por dia, 4 por hora. Isso se ela (era ela) não dormir! Óbvio que não vou seguir, mesmo que ela fosse a pesquisadora mais importante da minha área.

7 - Recebo novos seguidores diariamente e venho notando o aumento incrível dos seguidores que não são pessoas. Alguns seguidores seguem milhares e, entre os seguidores que são pessoas, notei o comportamento de seguir e abandonar. Isto é, seguem para serem notados e retribuidos e, em seguida, abandonam, porque a missão era apenas arrecadar seguidores.

8 - os textos, artigos, notícias, ... sobre o Twitter aumentam muito na web (inclusive aqueles que falam de irrelevância em 140 caracteres), embora eu pense que o pico em termos quantitativos já foi atingido. Aqueles que aproveitam o "barulho" tendem a procurar uma nova fonte de barulho ciclicamente. Os que ficam pegando onda e tentando se manter na crista de algum tipo de exposição midiática. Quando o mar acalmar, restarão os textos dos que estão realmente usando, pensando, pesquisando o Twitter.

9 - nos últimos 2 meses é significativo o ingresso do professorado no Twitter, especialmente os do ensino básico.

10 - Estas minhas obsevações esparsas e em tópicos diversos não permitem fazer nenhuma inferência consistente de para onde vai o Twitter, mas podem sinalizar algumas tendências gerais.

11 - Uma das constatações que vai ficando cada vez mais clara é que eu encontro pouca informação relevante no Twitter. Os dois últimos que me interessaram, um foi lembrando o horário de uma transmissão de jogo de basquete (usuário não pessoal) e outro foi o link para um artigo (usuário pessoal). Estes dois twitts estavam em meio à uns 50 outros. (ruído!) Recebo informações mais contextualizadas, relevantes e interessantes compartilhadas pelos meus contatos escolhidos no google reader, por ex.

12 - Pesquisar os #xxx ajuda em situações nas quais o imediatismo da informação é mais importante que a profundidade. (o quê está acontecendo??!!) Quando a consistência e a coerência são a questão, procuro as minhas fontes mais consideradas e outras formas de busca (nos feeds, por ex).

Todavia, não cometerei um twittercídio e nem vou escrever uma entrada predizendo a morte do Twitter por irrelevância galopante, pois não é assim que funcionam as coisas. Penso que o twitter ainda não achou um ponto de equilíbrio a partir das apropriações dos usuários. E nem os usuários se estabilizaram em termos de quem entra e quem fica e, principalmente, o que vai nos seus 140 caracteres.

* esta entrada poderá ser atualizada seguidamente...

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sexta-feira, maio 22, 2009

Jogos chegando, muito treino em nós!


a turma toda

eu e os meus pequenos

Grande treino hoje!

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ah a vida!


Meu sumiço generalizado vai por conta da correria do trabalho (normal!) e de uma reforma que estou fazendo aqui em casa (ai!). Depois que passei o carnaval lidando com baldes cheios de água que escorriam do teto e depois de 3 tentativas de arrumar o telhado, fiquei residindo numa cela úmida, rachada, mofada e insalubre.

E não estou exagerando muito, não. E, aí, tive de romper a minha inércia em permanecer parada e tratar de por a reforma necessária para andar. Me surpreendi que, anos depois de ter parado de atuar como engenheira, eu ainda lembre bem o conteúdo de "Construção Civil I e II", embora não esteja mais familiarizada com os materiais e soluções novos.

Assim, praticamente desenterrei a parte anexa do meu apartamento e fiz uma nova impermeabilização nos alicerces, mandei refazer o piso do pátio com novo caimento, novas caixas de esgoto pluvial. Coloquei calhas onde não havia e a coisa anda por aí, por enquanto.

Porém, isso me fez ter de gerenciar trabalhadores, correr atrás de material para repor o que teve de ser quebrado, me estressar chamando de volta para refazer coisas que entregaram mal feitas.
É incrível o número de coisas que empresas 'especializadas' fazem pela metade se não forem MUITO supervisionadas.

Na quarta-feira, trabalhei nos 3 turnos, pois tive jogo à noite. A semana está sendo corrida pelos treinamentos e jogos mais intensivos. Me gripei e, no treino de quarta, quase quebrei braço. Num exercício de corta luz, meu braço ficou prensado entre dois guris (cada um indo numa direção). Era o treino do Mirim e isso salvou o meu braço apenas com uma distenção.

A noite, jogamos a etapa Infantil classificatória do JAPA - vencemos! - e eu cheguei bem tarde em casa. Entrei, então, a quinta-feira, gripada, doida e cansada :( Sobrevivi a aula de um muito motivado, saudável e irrequieto sétimo ano e me preparei para as compras da 'reforma'.

Primeira parada: comprar 2 metros quadrados de basalto irregular. Feito e lá fui eu com o porta mala carregado para a segunda compra.

Entrei numa olaria para comprar plaquetas. Era, assim, umas 14h e tudo estava deserto. Fui entrando e chamando e nada. Passeei por toda a sala de mostruário, passei pelos escritórios, sai no pátio imenso de materiais e necas de aparecer alguém. Até a casinha do cachorro estava vazia e, isso, eu até agradeci. Depois apareceu um e depois mais um funcionário e todos sairam dizendo que iam mandar o vendedor. Sentei numa pilha de blocos de concreto e fiquei esperando.

Uns vinte minutos depois e já com mais um casal esperando, resolvi telefonar para a empresa. Me atendeu a secretária/atendente (que estava escondida num escritório). ¬¬ Gastei mais uma hora selecionando 70 plaquetas duplas e alguns cantos e carregando o carro. O casal estava criando raizes enquanto esperava para carregar os seus blocos de concreto.

Quando cheguei em casa, meus diletos funcionários haviam passado impermeabilizante nas paredes externas sem fechar janelas e portas. O cheiro em toda a casa era de derrubar. Fechei tudo daquele lado, abri do outro e liguei ventiladores. (ninguém havia tido esta ideia e todos sufocavam e lacrimejavam pacientemente). Céus!

Acho que por conta da tal tinta, sonhei uma espécie de metáfora de Lucy in the Sky with Diamonds durante toda a noite....

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a mulher e o leme


bombinhas(diz a lenda masculina que mulheres dão azar em navios. vai ver é porque alguma pode discutir o rumo...)

Quando meus filhos eram pequenos e eu ainda era casada, costumávamos passar o verão acampando em Santa Catarina. Carreta barraca, pouca roupa, barco inflável, coletes salva-vidas, bolas, raquetes, caniços, brinquedos, eram a base da mudança.

Nossos acampamentos ficavam na parte mais selvagem da escala. A programação incluia escalar morros, achar praias desertas, pescar, navegar a costa num bote do tamanho de uma cama. E era bem divertido. Mas não sem alguns riscos.

Numa certa vez, resolvemos atravessar a baia (acho que era Bombas) e rumar para uma prainha deserta quase na ponta do braço de terra que avançava no mar. Era uma praia que não se vê do mar, pois há uma cortina de rochas ocultando a areia. A passagem entre as rochas era estreita e protegia uma mini baia tranquila. Paraíso :)

Tivemos de fazer várias viagens com o Rolha (nosso bote) para levar cadeiras, caniços, boias e brinquedos, caixa de isopor com bebidas e lanches, cadeiras, livros, cunhado e cunhada, crianças, ........ Passamos um dia lindo naquele paraíso.

Na época, eu havia optado (sou da privilegiada porção de mulheres que podem optar) por cuidar meus filhos quase em tempo integral e trabalhava pouco. Não sei se esta situação afetou, mas eu passei a me colocar por último nas decisões e nas prioridades familiares (um erro que, se não fosse o quase acima, teria levado a minha vida para rumos que nem gosto de pensar).

Na hora de voltar à civilização, o barco foi levando cunhado e uma criança + cadeiras e caniços, cunhada e outra criança + cadeiras e brinquedos, ... No leme o comandante (meu marido) indo e vindo. Só que ele não era um comandante que se preocupasse muito com o navio. Ele gostava do leme, mas cuidar da manutenção do navio não era uma prioridade e, assim, o motorzinho furreca do Rolha vivia todo enferrujado e pifando.

E estragou mais uma vez, bem quando só sobrara na praia o isopor com uma coca-cola dentro, um colete salva-vidas e... eu ( a última). Tempo passando e eu olhando a passagem entre as rochas e nada. Sol se escondendo e os mosquitos chegando para a janta e ... nada.

Uma certa preocupação se instalando e eu ali sendo a janta dos mosquitos. Aí resolvi que deveria assumir o leme inexistente da situação. Vesti o colete, centralizei a coca-cola no isopor usando duas pedras, e cai na água nadando rumo a passagem entre as rochas.

Penso que a praia grande, meu destino, ficava mais ou menos 1 Km via mar aberto. No braço eu não sei se nadava, na época. A caixa de isopor era uma opção: deixar ou levar? Levei. Passei sem problemas pelas rochas e entrei no mar aberto e, graças aos céus, calmo de Santa Catarina. Ainda não era noite, mas as luzes começavam a se acender lá ao longe. E eu estóicamente batendo perna.

Depois de uns quinze minutos navegando e empurrando a caixa de isopor (resolvi trazer por causa da coca-cola; vai que eu fico dois dias à deriva) avistei o Rolha vindo ao longe com o valente comandante aos remos :) Demoramos um pouco para voltar, mas o resto da noite foi rir da aventura. E eu ri sem nem pensar em metáforas...

Toda esta história eu lembrei ao ler o texto da Denise, do Síndrome de Estocolmo, comentando o novo livro de Maria Mariana (para falar a verdade, eu só me lembrei - e vagamente - da Maria Mariana, ao ver a foto) e uma entrevista para a Revista Época, com o oportunista, para não dizer calhorda, título de "Deus quer o homem no leme".

Este meu texto não é para comentar o amontoado de bobagens que pode ser lido na entrevista acima e em citações pinçadas do livro (tem uma sobre catar cuecas sujas do chão que deveria ser motivo para prisão inafiançável da autora [1]). Isso, muita gente já fez muito bem. Esta entrada é para indicar a leitura do texto da Denise e as referências (outras entradas) que ela aponta lá.

Este meu texto é para sinalizar o horror crescente que sinto ao ler o que anda sendo publicado por aí e, pior, badalado, incensado pela mídia que só pensa em vender seja o que for a não importa quem. Não é atoa que, hoje, se tem de entrar numa livraria com um facão para abrir caminho no mato de auto-ajuda e livrinhos descartáveis.

É, também, para dar o meu testemunho pessoal de que manter uma mão no leme salvou a minha vida (aquele quase que eu falo lá em cima). Vivemos em uma sociedade em que manter a independência pessoal é questão de sobrevivência e isso está valendo até para as crianças. Basta uma olhada mais sintonizada nas sinaleiras[2].

Como diria a minha vó: não ocupem o Senhor! Deus não tá nem aí para quem está no leme. É bom você saber navegar e nadar e, se tiver uma coca-cola, leve junto.

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[1] isso pode ser uma idéia :)
[2] aqui no sul os semáforos são chamados sinaleiras.
... a foto é minha, de bombinhas (SC) nos idos tempos e não da prainha da história.
... uma coisa é certa, Maria Mariana está conseguindo publicidade para o livrinho, na bas da antiga estratégia do falem mal, mas falem de mim.

update: recomendo, também, a leitura de:

Sobre um recente recrudescimento da misoginia e da homofobia

do Idelber Avelar

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domingo, maio 10, 2009

midia, tecnologia, pesquisa e suas relações


aloeUm pouco entediada de constantes anúncios de morte e missa de sétimo dia de tecnologias e midias, fiquei pensando... Não sobre uma inutilidade de se pensar sobre isso, porque pensar é sempre bom, mas sobre o erro estratégico de centrar a reflexão nas coisas em vez de nas relações e, ,,, pior, de tentar isolar coisas e relações.

Não dá para cercar como unidade de análise blogs ou blogueiros (ou Twitter e twitteiros), pois estas práticas (e não tecnologias) não são estanques. O que faz um desenho todo especial de percursos, ações, reações, usos e desusos, estratégias, ligações é a prática social das pessoas.

Esta prática imbrica midias diversas, suportes diversos, numa totalidade de pessoas, artefatos, relações, bem como de condição de criação de usos, de artefatos e relações. O campo de pesquisa são as práticas que se constituem e não a tecnologia ou um entorno fechado em torno da tecnologia, mesmo que este e aquela tenham influência grande em todos os processos.

imagem de brewbooks

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sexta-feira, maio 08, 2009

As propostas de mudança na educação do RS


Fiquei indecisa entre rir ou chorar quando li esta matéria do jornal ali da Azenha. Cheguei ao link acompanhando as reverberações do tema entre o professorado e seguindo os links de quem se animou a escrever sobre o assunto.

Penso que a nossa governadora e a sua secretária de educação não compreenderam a proposta do MEC (que não é nenhuma novidade). Isso é muito constrangedor para quem se propõem a pensar e gerir a educação de um estado. Agora, ... se não foi esta vexamosa falta de compreensão, a alternativa é pior: má fé, deliberado oportunismo.

É surpreendente que nem bem o MEC apresente uma idéia e o governo do RS já tem uma proposta pronta para levar a frente a sua versão. Eficiência? duvide-o-dó.

Ninguém nega que a educação necessita ser reinventada (até para resistir melhor a este tipo de ataque), mas este processo passa por uma discussão ampla mobilizando professores, alunos, comunidade e não vir na forma de pacotes fechados a serem implantados goela abaixo de todos. Até porque não vai funcionar e daqui uns anos de tentativas, virá outra "transformação vertical", pois sempre tem alguém que sabe sozinho o que é melhor para todos.

E, além disso, qualquer transformação passa necessariamente por duas coisas: formação e trabalho do professor.

A secretária Mariza Abreu diz:

"– Não significa que o currículo vai abandonar as disciplinas, mas que estará organizado em áreas em que as pessoas terão de trabalhar de forma integrada. O mesmo professor tem que dominar as disciplinas de sua área – diz Mariza." (link para a matéria)

e mais adiante:

"A ideia da Secretaria Estadual da Educação (SEC) é que, no futuro, todo professor esteja apto a lecionar qualquer uma das disciplinas integrantes da área de conhecimento a que está vinculado. Por exemplo, um professor de biologia poderia dar aulas de química e física. Já um de história poderia lecionar também geografia e filosofia."
[...]
Dependendo da formação do professor, ele precisará ser treinado para começar a lecionar uma nova disciplina. Segundo a secretária da Educação, Mariza Abreu, a intenção é realizar treinamentos dentro das próprias escolas [...]" (link para a matéria)

Absurdo irresponsável, não pela idéia em si, mas pela irresponsabilidade de tentar treinar apressadamente quem não foi formado. Neste sentido, podemos estender esta proposta para a área da saúde, fazendo da medicina, fisioterapia, enfermagem, educação física, nutrição, ... uma grande área e, aí, eu posso treinar para fazer algumas cirurgias simples.

E, pior... Certo que o treininho será naqueles duas ou quatro minguadas horas semanais destinadas à preparar aulas e reuniões (tudo que não seja aula). Ou será que o novo plano de carreira que a secretaria de educação está hum..., discutindo, trará a previsão deste tempo de "treinamento" incluído na carga horária semanal do professor, além do tempo para planejar a aprendizagem, preparar aulas e corrigir trabalhos e tarefas?

((para quem não sabe, um professor do Estado que tem 40h semanais, dá 36 horas de aula e tem 4h para fazer todo o resto: ir a reuniões, atender pais e alunos, planejar, preparar, corrigir, estudar, ler, ...))

Penso, entretanto, que a proposta do MEC não é nem de perto esta que o nosso governo tão rapidamente apresentou. A idéia, pelo que entendi, é trabalhar de forma integrada, numa perspectiva mais estruturada, procurando a interdisciplinaridade. Idéia que não é nova e é levada de diferentes modos por muitas escolas. Em parte, é aquela conhecida integração vertical e horizontal dos conteúdos.

Nas aulas de Educação Física, Biologia e de Física no CMPA é feito um trabalho conjunto dos professores, usando o Atletismo (corridas, treinamento intervalado, ...), conteúdos de Física (Movimento, Energia, Energia Cinética, ...) e Biologia. Porém, os professores trabalham juntos, cada um na especificidade de sua formação e na compreensão dos conceitos mais amplos da outra área de formação. Os professores de educação fisica e biologia sabem o que é aceleração de um movimento, mas quem aprofunda este assunto é o professor de Física. O professor de Física sabe o que é energia/movimento, mas quem explica o que acontece no organismo humano durante um determinado tipo de movimento é o professor de educação física. O professor de Biologia pode aprofundar ainda mais este assunto. Ou seja, todas as áreas se aproximam e têm muitas regiões comuns.

Para que um professor pudesse abranger com qualidade estas três áreas, seria necessária outra formação. E uma formação já transformada.

Todavia, eu ainda não acredito no que li, quer dizer, que vai permanecer isso que foi publicado. Penso que ligeirinho vai aparecer algum "eu não falei ..., eu só disse que...".

Colegas professores do Estado do RS: vocês vão continuar calados e, nem diante desta aberração autoritária, não vão FAZER nada?

Alunos: vocês tranquilamente vão treinar basquete com um médico e fazer uma cirurgia com o nutricionista?

Mais aqui:

Cloaca News
Diário Gauche
Quebra Tudo - por Robson Freire
Agência Estado - proposta do MEC

Ler, também:

"A política educacional de Yeda Crusius lembra os métodos de Pirro: castigo e anacronismo. Defendeu a 'enturmação', um procedimento pedagógico revolucionário consistindo emempilhar alunos de séries diferentes numa mesma sala para fazer economia a curto prazo e agradar ao Banco Mundial. Opôs-se a pagar o piso federal como salário inicial, preferindo ver o piso um teto. Provisório. Resolveu encarar greve como folga. Mesmo a recuperação das horas não trabalhadas, procedimento sensato, não bastou. Yeda, como Pirro, prefere o castigo no grão de milho e a palmatória. É mais educativo. Afinal, nessa concepção altamente inovadora, a humanidade só funciona por punição e recompensa." (Juremir Machado da Silva, no Sineta)

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quinta-feira, maio 07, 2009

CMPA e as TIC


Nos últimos anos o Colégio Militar de Porto Alegre tem se conscientizado do poder da informação ágil, correta e em rede. O site do colégio passou a ter um gerenciador de conteúdo (Mambo) que democratiza a publicação de notícias e ampliou os canais de comunicação com alunos, professores, pais e comunidade.

Usa listas de discussão para comunicações entre as seções de ensino e grupos de professores, mantém diversas comunidades no Orkut (CMPA, Basquete CMPA, Coral, Banda, ..) e, aderiu ao Twitter, dentro de uma idéia de disseminar a informação.

Penso que nestas boas iniciativas só falta uma: distribuir via RSS o conteúdo do site. Esta distribuição até já existe, mas o feed é muito ruim, pois não mostra o conteúdo e tenta mostrar conteúdos internos e protegidos do site.

Penso que entrar na rede é um desafio para qualquer escola, na medida em que estar na rede é ampliar a presença para além da comunidade mais próxima. Problemas e oportunidades estarão permanentemente no horizonte, mas.... sem ousadia não há inovação e reinventar a escola passa por ousar um pouco mais :)

Falando nisso, repercutiu no CMPA as matérias da Revista A Rede e do Portal Conexão Professor que, entre outras coisas, fala de projetos realizados no colégio. Fui entrevistada e, além das minhas exepriências adquiridas na pesquisa, falei dos projetos de professores e alunos do CMPA que utilizam as TIC.

Espero que este destaque possa incentivar as nossas aventuras com as TIC no colégio.

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terça-feira, maio 05, 2009

A sala de Aula reinventada - A REDE



No meu entender reinventar a sala de aula não quer dizer esquecer todas as nossas experiências, lançá-las num limbo pedagógico a espera de uma reinvenção futura. Reinventar a escola parte de conhecer o seu contexto e sua história, saber que o novo traz em si, indeléveis, as marcas daquilo que já foi.

Um movimento de reinvenção é, assim, dialético, consciente das contradições, aprendendo e compreendendo que todo o desafio é oportunidade e não obstáculo.

Porém, este título é da matéria de Aurea Lopes para a Revista A Rede. Com muita satisfação fiz parte da equipe entrevistada para a construção deste tema, juntamente com o Sérgio Lima, a Sonia Bertochi, Ana Carmen Foschini, Betina Von Staa.

Falamos de blogs e de novas experiências em sala de aula, dos desafios e das possibilidades de ousar inovar.

Para o professor é muito importante discutir suas práticas, receber a consideração e as críticas de seus pares sobre o trabalho realizado.

Gostei muito de fazer parte desta matéria e trazer um pouco das aventuras iniciais do Colégio Militar de Porto Alegre no mundo dos blogs e da educação em rede online.

* a imagem é da Revista e ilustra a matéria.

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segunda-feira, maio 04, 2009

Redes sociais e Educação


Saiu no portal Conexão Professor um especial sobre Redes Sociais. Participei em algumas partes da matéria, em especial nas redes sociais e educação e nos blogs.

Blogosfera: um universo a ser explorado pela educação

Redes sociais e Educação: construindo, juntas, o futuro

A matéria construída por Luiz Eduardo Queiroz é bastante abrangente e trata de diversos assuntos que rodeiam o tema das redes sociais. Presentes, também, neste especial: Raquel Recuero, Carlos Nepomuceno, Sérgio Lima, Lilian Sarobinas, entre outros professores e pesquisadores.

Link para o início do especial:

Especial Redes Sociais

* a imagem é do portal e ilustra a matéria.

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domingo, maio 03, 2009

gripe dos porcos, frangos e salmões (modo de produção doentio)


O assunto dos últimos dias é a possível pandemia de uma gripe de vírus que se hospedam em suínos e que podem contaminar, se hospedar e retransmitir nos seres humanos. (aqui quem mais entende disso pode me corrigir)

Na imprensa, na maioria, em vez de comunicação séria se vê alarme e aquela alegria incontida de: temos do que falar!!! (temos o que vender)

Mas, hoje estou cozinhando salmão. Amo salmão e lembro com saudade um prato soberbo que comi em Puerto Varas, no Donde El Gordito, regado a cerveja nativa (perdão!). Sou um pouco heterodoxa sincrética em relação as combinações comida - bebida. Meu salmão de hoje será desgustado com vinho tinto caménére In Situ, safra 2005, presente de aniversário que eu estava guardando.

Foi aí que me lembrei do assunto da semana e de algumas coisas que havia lido sobre o salmão criado em cativeiro. Resolvi escrever (um pouquinho) e linkar textos que merecem ser divulgados.

Assim como a crise econômica é mais uma das crises do capitalismo anunciadas por Marx no século XIX, as possíveis pandemias já foram amplamente anunciadas por cientistas que alertam para o perigo de produzir como produzimos. Mesmo os alimentos!

É claro que Marx não previu a gripe aviária e nem outra, mas é claro, também, que elas estão dentro deste mesmo movimento de crises cada vez mais graves que se originam em nosso modo de produção dominante.

Mészáros (2007) aponta que vivemos numa economia do desperdício, um "desenvolvimento determinantemente dominado pelos limites inescapáveis da quantificação fetichista" e não existem critérios e nem medidas para que isso seja contido.

A nossa produção que não mata a fome. mas enriquece alguns, vai certamente matar muitos pelo que desencadeia. Isso está apenas começando.

Mais importante que acompanhar o Jornal Nacional, com as ridículas máscaras e entrevistas ensaiadas é ler informação séria:

:: Estamos doentes e a culpa não é da gripe suína - O Escriba

:: A gripe suína e o monstruoso poder da indústria pecuária - Agência Carta Maior

:: Sobre a gripe suína - Miriam Salles

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sexta-feira, maio 01, 2009

dia do trabalho - dia do trabalhador



foto dos trabalhadores almoçando sentados em uma viga durante a construção do edifício RCA em 1932, de C. Ebbets.
O incremento da produção, das ciências, das técnicas revela necessidades e capacidades desconhecidas, faz refletir um espectro suntuoso de gostos, de criações, de diferenças; mas a reificação e a alienação fazem da humanidade uma plebe perplexa diante do espetáculo de seus próprios fetiches. A produtividade aumentada do trabalho libera tempo para a criatividade individual e coletiva, propícia a novas formas de convívio e lucidez; mas a medida 'miserável' de qualquer riqueza e de qualquer troca pelo tempo de trabalho abstrato transforma a incrível liberação potencial em desemprego, em exclusões, em miséria física e moral. (BENSAÏD, 1999, p. 99)
Vivemos uma época de sucessivas transformações sócio-culturais, dentro de um contexto de aceleração crescente que se reflete em todos os aspectos da vida humana, reconfigurando radicalmente as relações sociais.

Este processo atinge de forma especial o trabalho e as práticas cotidianas e provoca a necessidade de reorganização e de novas abordagens. A tecnologia é proposta como opção para facilitar e diminuir o nosso trabalho, porém nunca se trabalhou tanto e em tão inseguras condições como atualmente. A globalização e o desenvolvimento técnico-científico são, neste sentido, ambivalentes e contraditórios.

Se não houvesse, em grande parte, por trás do desenvolvimento tecnológico uma busca frenética por lucros cada vez maiores, num esquema de guerra onde a vida e a ética são colocadas em segundo plano, os aspectos positivos da ciência e da tecnologia, seriam em maior número, maior abrangência e direcionados segundo melhores critérios. Teríamos erradicado a maioria das doenças e não inventado a guerra bacteriológica. Teríamos alimentos em abundância sem correr o risco dos transgênicos e das imensas granjas industriais . Teríamos tempo livre para todos e não teríamos desemprego e exploração.

E teríamos, realmente, trabalho.

Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano com sua própria ação impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza. Defronta-se com a natureza como uma de suas forças. Põe em movimento as forças naturais de seu corpo, braços e pernas, cabeça e mãos, a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria natureza. [...] Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha supera mais de um arquiteto ao construir sua colméia. Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor abelha é que ele figura na mente sua construção antes de transformá-la em realidade. No fim do processo do trabalho aparece um resultado que já existia antes idealmente na imaginação do trabalhador. (MARX ; ENGELS, 2002)
Sem a medida miserável do tempo de trabalho.

Mas de nada adianta: burgueses que se empanturram, domésticos mais numerosos que a classe produtiva, nações estrangeiras e bárbaras abarrotadas de mercadorias européias. Nada disso faz escoar as montanhas de produtos que se acumulam, maiores que as pirâmides do Egito: a produtividade dos operários europeus desafia qualquer consumo ou desperdício. Os industriais, aflitos, não sabem mais a quem apelar, não conseguem mais encontrar matérias-primas para satisfazer a paixão desordenada e depravada de seus operários pelo trabalho. (LAFARGUE, 2000, p. 167)
Lafargue aponta de forma irônica e certeira a lógica que move o capital, que no século XIX dominava e explorava pela fome e pela miséria e que atualmente domina e explora pela cultura e pela ideologia. Hoje, as 'nações bárbaras' são as filiais produtoras das montanhas de mercadorias, cuja dança continua.

E a saída? Gramsci ensina que só se pode prever a luta. Bensaïd (1999) aponta a saída de Marx que envolve uma redefinição dos critérios do progresso, a consideração de critérios que priorizem o enriquecimento do indivíduo e da espécie, que suprimam o trabalho alienado e que valorizem as relações entre as pessoas.

À nós cabe resistir em nossos espaços de educação e trabalho. Uma resitência consciente, a partir da consideração do trabalho e da educação como direito e bem humano e não como mais uma mercadoria.

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BENSAÏD, Daniel. Marx, o intempestivo : grandezas e misérias de uma aventura crítica (séculos XIX e XX). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. 512p.

LAFARGUE, Paul. O Direito ao Ócio In: DE MASI, Domenico (org.) A Economia do Ócio. Rio de Janeiro: Sextante, 2001. 183p.

MARX, Karl. O Capital 23 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. livro I vol. 1

* uma revisitação a este texto.

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