terça-feira, julho 21, 2009

Coisas óbvias


Se todo mundo que tiver 38º de temperatura procurar um posto de saúde será o caos!

(resta saber à quem serve o caos)

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domingo, maio 03, 2009

gripe dos porcos, frangos e salmões (modo de produção doentio)


O assunto dos últimos dias é a possível pandemia de uma gripe de vírus que se hospedam em suínos e que podem contaminar, se hospedar e retransmitir nos seres humanos. (aqui quem mais entende disso pode me corrigir)

Na imprensa, na maioria, em vez de comunicação séria se vê alarme e aquela alegria incontida de: temos do que falar!!! (temos o que vender)

Mas, hoje estou cozinhando salmão. Amo salmão e lembro com saudade um prato soberbo que comi em Puerto Varas, no Donde El Gordito, regado a cerveja nativa (perdão!). Sou um pouco heterodoxa sincrética em relação as combinações comida - bebida. Meu salmão de hoje será desgustado com vinho tinto caménére In Situ, safra 2005, presente de aniversário que eu estava guardando.

Foi aí que me lembrei do assunto da semana e de algumas coisas que havia lido sobre o salmão criado em cativeiro. Resolvi escrever (um pouquinho) e linkar textos que merecem ser divulgados.

Assim como a crise econômica é mais uma das crises do capitalismo anunciadas por Marx no século XIX, as possíveis pandemias já foram amplamente anunciadas por cientistas que alertam para o perigo de produzir como produzimos. Mesmo os alimentos!

É claro que Marx não previu a gripe aviária e nem outra, mas é claro, também, que elas estão dentro deste mesmo movimento de crises cada vez mais graves que se originam em nosso modo de produção dominante.

Mészáros (2007) aponta que vivemos numa economia do desperdício, um "desenvolvimento determinantemente dominado pelos limites inescapáveis da quantificação fetichista" e não existem critérios e nem medidas para que isso seja contido.

A nossa produção que não mata a fome. mas enriquece alguns, vai certamente matar muitos pelo que desencadeia. Isso está apenas começando.

Mais importante que acompanhar o Jornal Nacional, com as ridículas máscaras e entrevistas ensaiadas é ler informação séria:

:: Estamos doentes e a culpa não é da gripe suína - O Escriba

:: A gripe suína e o monstruoso poder da indústria pecuária - Agência Carta Maior

:: Sobre a gripe suína - Miriam Salles

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domingo, agosto 21, 2005

saúde


Estava preparando um café, quando esta história, sem mais aquela, me veio à mente. Talvez, seja uma das histórias que não contei aos meus filhos, mas que contarei aos netos.

Quando eu era criança bem pequena, a saúde tinha um atendimento bem diferente:o médico vinha em casa! Dos dois médicos mais freqüentes, eu preferia o mais velho, que tinha um martelinho, ao mais novo, que tinha buraquinhos na cara. O mais novo se chamava Dr Valério e eu lembro disso porque a minha mãe me contou que foi ele que a atendeu quando eu nasci.

Com ou sem martelinho eles apareceram lá em casa nas gripes mais fortes e no sarampo, que toda a rua teve. Para coisas 'menores', havia no bairro um enfermeiro, que atendia num consultório montado em sua casa.

Ali morava o perigo. Estas 'coisas menores' não incluiam pequenos cortes, raspões, esfolados, torções que qualquer vó pudesse tratar. Coisas pequenas eram pequenas suturas, furúnculos que não se abriam, espinhos que não saiam por métodos domésticos, feridas infeccionadas, ...

Ir no Seu Natálio não era bom. Casualmente o consultório ficava ao lado do açougue e o barulho da serra de carne ficava indelevelmente associado aos procedimentos ... cirúrgicos.

Eu me lembro de uma vez que fui lá com a mãe e a minha mana. Possivelmente, afundei no inconsciente às vezes em que fui a paciente... A coitadinha da mana tinha um furúnculo embaixo do braço que ninguém conseguia 'mexer'. Seu Natálio deitou ela na maca e mostrou a folhinha da parede onde aparecia uma menina abraçando carneirinhos. Ela olhou e ele cortou... Foi um berro só e, claro, a choradeira bem grande enquanto ele fazia o serviço. Hoje, não se faria isso sem anestesia local.

Eu assistindo entre sádica e apavorada e a mãe segurando ela e consolando. Não lembro do fim, de voltarmos para casa. Porém, além do açougue, ficou associado a este fato uma canção de ninar que a vó costumava cantar. Na certa ela cantou para consolar a mana. Da letra, só lembro um pedaço, modificado na minha memória dali por diante:

... a faca que corta Natálio (dá talho) sem dor...

Hoje, eu lembro esta história enquanto a Mara está lá, atucanada, terminando a sua dissertação que fala de práticas e formação médica, que, num certo sentido, mostra como a medicina mudou (ou não) e como o nosso imaginário se mantém ligado a ela com estas lembranças quase mágicas de deuses que dominavam nosso corpo doente.

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