quinta-feira, janeiro 27, 2005

do Forum e da vida


Sem internet, tudo que se tem aqui em Capão da Canoa são as notícias "oficiais" sobre o Forum Social Mundial. Leia-se Rede Globo, Zero Hora, Correio do Povo, TV Senado, ... É inacreditável que aqueles que se consideram o supra sumo da informação e da comunicação ainda coloquem como âncoras ou como comentaristas reacionários daqueles que todas as noites, antes de deitar, olham debaixo da cama para ver se não tem um trotskista escondido.

É deprimente que a maioria da população só receba este tipo de desinformação e de comentários preconceituosos do tipo: O FSM não é um evento plural, deveria se abrir ao contraditório, à outras opiniões ... É um evento ideológico de um partido político ...E sofra as perguntas (interativas?) do tipo: Você acha que o Forum deve continuar como é ou deve ser diferente, acolher opiniões diversas e mesmo contrárias? Uma pergunta que já traz embutida a afirmação de que o FSM não é um evento aberto e plural. Uma afirmação que desconhece a origem do próprio Forum que veio para ser uma OUTRA VOZ, para propor um OUTRO MUNDO.Estou aqui tentando conectar com o site da Agência Carta Maior para ver que uma OUTRA INFORMAÇÃO é possível. Pena que uma OUTRA CONEXÃO esteja fora do meu alcance agora.

Ainda não consegui falar com Antoine para saber o que a Attac Quebec anda aprontando, mas Claudia me informou que ele está bem alojado e à mil no Forum. Quando me ligaram a droga do meu celular terminou a bateria. Definitivamente não ando de bem com a tecnologia.

Aqui no exílio o ritmo de seu tempo próprio dita as regras e os eventos se sucedem como se fossem uma OUTRA VIDA.

Gatos e cachorros estão felizes e tendo toda a atenção que dificilmente conseguem. O Eric, que passa o tempo todo se mantendo longe das garras de uma certa bichana branca, está desolado por ter de dividir seu território com a Ondina, a gata cinzenta que adotou o meu armário como quartel general. Yshana não caiu mais da piscina e está ficando esperta em relação a estrutura da casa, não entrando mais em becos sem saida. Quem não anda esperta é a dona dela que ontem se distraiu e deu para o pobre do Eric o remédio para próstata do pai. Espero que o pai não tenha tomado o remédio do cachorro ...

Viva! Estou conseguindo ler as manchetes da Carta Maior. Vamos ver se consigo baixar algum vídeo. Duvido, pois nem meus emails estão baixando.



domingo, janeiro 23, 2005

Forum Social Mundial


Ainda nem começou, mas já sinto saudades. Embora alguns apontem uma militância que fica entre o politicamente correto, o estético e a tietagem, isso nem sequer arranha o grande valor (e, por favor, não dissequem 'valor') do FSM. Um valor que é potencial na medida em que não fique apenas no discutido, rediscutido e proposto.



Neste exílio onde só tenho acesso à imprensa dita oficial/convencional, me faz falta poder acessar o texto daqueles que estão envolvidos de diversas formas e, a par disso, compartilhando suas reflexões, seus achados e suas experiências. Enquanto cidades americanas se cobrem de acesso sem fio gratuito, nossa realidade é a das linhas telefônicas congestionadas que são à prova de qualquer modem ou capacidade de processamento.



O Correio do Povo divulgou sobre o canal de televisão exclusivo que transmitirá algumas das atividades do Forum, mas não mencionou o canal e a forma de acesso. Nos próximos dias espero que saia uma programação detalhada dos eventos. De alguma forma pretendo acompanhar este que, para mim será um Forum à distância.



O lado bom de tudo isso é que hoje é um lindo dia de sol, de calor, de brisa suave e de sons e cheiros familiares e acolhedores. A Noe está fazendo um bolo. O Eric me acompanha nesta tentativa de contato com um outro mundo e Yshana dorme na sua caminha lá na varanda. O pai, como sempre, anda aprontando alguma lá fora. E ... vou para o sol, digo, vou para a sombra olhar o sol.







sexta-feira, janeiro 21, 2005

o ritmo e o hábito


Tem uma coisa que está me fazendo falta: ler o que costumo ler usando pelo bloglines. A conexão irregular e muito lenta faz com que a maioria das páginas não abra e torna uma tortura tentar acessar seja o que for. Deste modo, pude saber a falta que me faz as notícias, os textos, as reflexões. Sejam elas de canais de notícias, de blogs de amigos, de blogs de companheiros de pesquisa.


Porém, também é bom desligar um pouco da roda da informação. Colocar em perspectiva não só a quantidade, mas, também, a qualidade do que se lê.



Além disso, está sendo bem interessante o 'limpar o terreno' que acaba sendo este afastamento. Diminui os vícios do olhar, nos tira das rotas já muito conhecidas e automáticas.


A conexão deficiente mostra o quanto ainda a rede é para poucos. Não sei se é impressão minha, mas conectar à 40 kbps hoje, parece mais lento que quando eu usava o meu 486 à 13. E não se trata daquela impressão que o costume com a conexão à cabo daria. É gritante a lentidão. Os emails não baixam, as páginas não abrem e é quase impossível postar aqui.Acho que é o volume das informações nas linhas telefônicas que torna inócua a velocidade da conexão.


Mas, voltando ao tema inicial, que falta me faz ler o que sempre leio. Ver os comentários do Sérgio e da Elisa e não conseguir acessar seus sítios. Receber um email do André e não conseguir conferir o rss de suas páginas.


A praia tem o seu quê de montanha mágica. Os dias tem seu ritmo próprio, uma rotina diferente se estabelece. O centro aqui parece estar difuso entre o sol, a caminhada e as refeições ou pelo menos assim está para mim. Hans Castorp se perderia por aqui.


terça-feira, janeiro 18, 2005

operação verão


No ano passado, Yshana caiu duas vezes na piscina. Na primeira eu corri e quase que a apanhei no ar, na segunda, a mãe a fisgou pelas orelhas de dentro do tanque. Este ano eu estava quase despreocupada. Em primeiro lugar, porque no atual estado de velhice (16 anos) ela não tinha muita força para subir os degraus que circundam a piscina e, em segundo, porque meu pai teve um dos seus ataques de professor Pardal e idealizou e construiu uma espécie de peiteira amarrada a um elástico e a um destorcedor destes usados em pesca que, amarrado à uma das vigas da varanda, faz com que Yshana possa circular num perímetro razoável, deitar, comer sem se enredar e sem sumir das nossas vistas. Com a idade, a cegueira e a surdez (tadinha...) ela tende a se enfiar nos lugares mais estranhos e ficar presa. Só encontramos quando ela resolve chorar.



Pois é, eu ESTAVA descansada ... Ontem, eu estava super concentrada desenhando umas coisas e ela estava solta, andando pelo gramado. Acontece que eu não ouvi o barulho dela caindo na água e, se ela não desse um (só um) latido, eu não teria levantado, olhado em volta e visto ela nadando no meio da piscina.Acho que fazia mais de um ano que ela não latia. Corri, pulei na água e peguei ela antes que tomasse muita água. A pobrezinha tremeu e chorou durante um bom tempo, mas depois atacou a comida e, aí, eu vi que ela estava bem. Aí do lado vai a carinha da delinquente.



Agora, ela está lá fora, dormindo na caminha dela e a mãe de guarda, enquanto eu tento conectar e dar uma olhada nas minhas mensagens.Apesar das dificuldades, postar é um vício ...


segunda-feira, janeiro 17, 2005

revista i-coletiva e outras novidades


Depois de várias tentativas infrutíferas, consegui acessar o meu ensaio que saiu na última I-Coletiva. Escrevi sobre rss e educação, um ensaio parecido com o que estava para sair ou saiu na Redemoinhos.

Estar com esta conexão prá lá de precária está afetando muitas das coisas que eu já deveria ter providenciado ou feito, mesmo nas férias. Ontem consegui visualizar alguns e-mails e descobri que meu diploma do mestrado já está à disposição. Porém, não estou lendo a maioria das mensagens.

Aproveito este post para solicitar que coisas mais ou menos urgentes sejam comunicadas pelo telefone ou até recados aqui no blog, pois está sendo mais fácil acessar aqui do que baixar ou ler e-mails.

No mais, a calma volta a reinar no cafofo aqui de Capão. A turma do fim de semana se foi e eu voltei a ser o bebê da casa. :))



quarta-feira, janeiro 12, 2005

notícias de capão


Incrível, mas a minha lendária mão pesada para trabalhos manuais parece que deu uma trégua e estou fazendo as tais caixinhas bastante bem. No meu entender, é claro. Todos os casos, parece que aquela síndrome que me fazia pegar exame em Artes e implorar para a mãe que bordasse todos aqueles cogumelos cheios de bolinhas vermelhas, não se manifestou. Uma pena a câmera da família não estar por perto para documentar as minhas obras.



Minha arte tem se manifestado em dias perfeitos de muito sol, águas quentes e vento. Adoro vento. Não sem alguns sobressaltos ou com uma criatividade meio estranha. O "porta ferro de passar" que comecei a pintar acabou se transformando numa casa para passarinhos. Para quem já fez um risoto de pizza, isso é fichinha ...



Neste passo, não toquei até agora no meu anteprojeto, além do que havia construído em dezembro. Isso significa que arrancarei os cabelos em fevereiro.



Em outros setores as coisas andam movimentadas, a Claudia me ligou dizendo que conseguiu receber Antoine na sua passagem para o Uruguai. Antoine é da Attac-Quebec e ficou em minha casa, no FSM de 2003. Adoraria hospedá-lo este ano novamente, mas a casa está cheia e possivelmente eu passe em velocidade por este Forum. Apesar das dificuldades, estou louca para revê-lo e lembrar do muito que andamos naquele Forum com Jacques e com o resto da turma. Acho que Jacques não vem, este ano. A última notícia que tenho dele é que se perdeu na Bahia com várias caixas de cerveja gritando "eu amo o Bresil". Portanto ...



Consegui miraculosamente conectar e vamos ver se este post vai para onde deve ir. Beijos ...



segunda-feira, janeiro 10, 2005

férias discadas


Este post foi por email, enquanto é possível enviar um email. A conexão está péssima, este ano, impossível navegar ou abrir páginas mais pesadas.

Eu estou devagar, também, aproveitando o tempo de descanso e fazendo outras coisas. Minha irmã aprendeu a pintar caixas e outros badulaques de madeira e resolveu trazer as tralhas para a praia. Resultado: deu uma epidemia aqui.

Todos querendo pintar, colar, patinar, ...

Minha obra prima está devidamente instalada no quarto: pintei uma caixinha (destas bem furrecas onde colocam flores) e transformei num porta-... qualquer coisa.



Na boa, as tais caixinhas e o carteado com a gurisada está me fazendo

esquecer um pouco os livros e os prazos. Opa... problemas aqui. mas como os problemas serão para março, viva o calor, a sombra e a coca-cola gelada.



Até quando o ig e a brasil telecom permitirem...



domingo, janeiro 02, 2005

viva a vida!


E viva eu, também... Capão da Canoa, o capãodacanoa dos veranistas e visitantes de fim de semana, permanece desconhecido para mim. Não gosto de ver uma praia com montes de gente nela, então vou para a beira do mar lá pelas 7 da manhã, quando quem anda por lá é o povo que pesca e o povo que caminha.



Montei meu pc (posto de comando) no quintal, perto das palmeirinhas, embaixo de um guarda sol. Livros, cadernos, e mais destas coisas que fazem o povo aqui de casa torcer o nariz e me achar maluca. Se bem que a esta altura da vida eles já aprenderam ou se conformaram a aceitar isso, da mesma forma que aceitam a chuva e o sol.



A família vai bem. Os mesmos choros e risos na festinha de ontem. O povo se abraçando e apartando as brigas entre os gatos e cachorros. (a nossa cota de animais per-capita é bem elevada, e a das visitas e agregados, tb). Meus pais brigaram exatamente a 51min do novo ano, como já era previsto (nada preocupante aqui, eles se amam muito e, então, brigam muito, tb). Seres vagando na noite com indigestão, tomando todo o sortimento de Olina do ano. Um dos gatos sumiu e resolveu se estabelecer dentro do guarda-roupa do pai, mais precisamente na pilha de camisetas dele.



Yshana tb teve indigestão e eu já passei duas noites tendo de levantar para levar cachorro no patio. Ou isso, ou seguir o conselho dos malucos e dar Olina para a pobrezinha. Bom, ela tem 3kg e acho que pode suportar perder até 1 no piriri.



Mas, afinal, que tem a ver o piriri do cachorro, as brigas dos animais e das pessoas. A comidaria e as indigestões. As risadas e as lágrimas. Os livros trocados, os computadores emprestados (como este que estou usando)? É vida :) pô! Vida complicada, exatamente normal, de uma família que só se junta em turba nas férias. E, por enquanto, só são três gerações ...