Em 2001\2002, quando iniciei as pesquisas de doutorado, tive dificuldade em localizar material sobre blogs e, mais ainda, sobre blogs e educação. Usava, na época, o All The Web, Cadê, Altavista e o Google, que ainda não era nem 1/5 do que é hoje em termos de tamanho e hegemonia. E, para algumas pesquisas diferenciadas eu usava o Astalavista :)
Meu preferido até 2003, mais ou menos, era o All the Web que, junto com o Altavista, pertencia a Overture. Depois, a Overture foi comprada pelo Yahoo e sua história mudou. Por volta de meados de 2004, comecei a usar mais o Google e, hoje, vou direto no quadrinho de busca no canto da barra do Firefox, marcado por padrão para o Google.
Todavia, já faz um bom tempo, os resultados das buscas que faço vem apresentando um comportamento cada vez mais viciado. Eles progressivamente se aproximam dos resultados de outras buscas já efetuadas e do que parece ser o perfil que o Google forma a partir das informações que coleta sobre mim em todos os seus serviços.
Estou tendo uma experiência cada vez melhor do objetivo googliano de "combinar as informações pessoais fornecidas por você com as informações de outros serviços do Google ou de terceiros para proporcionar ao usuário uma experiência melhor, incluindo a personalização do conteúdo para você". O que é péssimo!
Se, em 2001, muita informação da web ainda não tinha sido rastreada e indexada nos motores de busca, hoje, ela é suprimida por conta de uma seleção feita por máquinas e com critérios (que atendem uma lógica determinada) fora do meu controle. A resposta é aquilo que o Google pensa que eu quero ler.
Deste modo, a rede de informações se fragmenta e se limita em guetos de semelhanças filtradas. Existem partes da rede que estarão cada vez mais indisponíveis para algumas pessoas, via motores de busca. Uma rede que fica cada vez mais auto-referente. Um perigo para quem pesquisa e quer, em termos de busca de informações, ultrapassar a pequena rede de relações mais diretas.
Para não falar nas possibilidades de classificar (no sentido marxista de classe mesmo) camadas de acessibilidade a informações. Uma tendência que pode vir com a mesma transparência com que o Facebook fala da possibilidade de comercializar informações de seus usuários. Parece que o treinamento em desprivatizar informações pessoais, que os sites de redes sociais tornam possível, começa a fazer efeito.
Quando tu, por estes caminhos, começa a operar numa determinada camada info-comunicativa, a tendência é assumir um postinho de trabalho imaterial na linha de montagem. É neste sentido que o conceito e as práticas sociais relacionadas ao que chamam de web 2.0 devem, também, serem pensados. Conceitos marxistas de acumulação, exploração, trabalho e, sobretudo, classes sociais são essenciais para poder compreender estas questões, pensando-as fora da lógica que lhes dá movimento.
Não se trata de nenhuma das tão comuns investidas contra a vida privada dos que já não estão aqui para se defender. Heat Ledger, que possa estar feliz na sua nova vida, continua trazendo um tráfego desavisado a este blog por conta daquela minha postagem sobre o formato e a disseminação da informação.
Ele não tem nada a ver com as loiras nuas do título, que foram o exemplo de uma outra postagem sobre o oportunismo lingüístico para atrair visitantes ao blog.
Pois é, mas tanto Heat Ledger quanto as loiras subiram no ranking de palavras-chaves que trouxeram pessoas até o meu blog através de mecanismos de busca. Pessoas que certamente não encontraram o que buscavam, o que demonstra as limitações dos buscadores e as dificuldades das pessoas em dar consistência e foco para termos de busca.
A diferença, nesta dança das palavras-chaves, é que Heat Ledger, infelizmente, será um assunto passageiro, enquanto "loira nua" deverá crescer no ranking nesta época pós carnaval. A mistura heat ledger + loira nua, com quase certeza, vai abrir um outro veio de busca. E eu já estou lamentando não ter feito uma mini-pesquisa em cima disso, com um acompanhamento menos informal deste processo.
E para terminar, sem frustrar quem veio aqui atrás do Ledger (para as loiras eu estou me lixando), indico este texto do Inagaki, sobre a comovente homenagem à Heat Ledger, feita por Daniel Day-Lewis .
Sábado passado postei os links de algumas coisas que andei fuçando durante a semana. Algumas eu experimentei, outras apenas olhei um pouco. Sem tempo para falar um pouco mais ou, até, recomendar, postei os links com alguma (pouca) explicação.
Vou tentar fazer isso todos os sábados. A idéia é compartilhar. Só ainda não achei um título legal para esta postagem.
btw: ainda estou em Capão... Planos alterados. Fui 'arejar' o carro na sexta e esqueci ele aberto. Nunca mais lembrei de fechar. E hoje de manhã caiu a maior chuva. Agora à noite entrei nele e quase me afoguei. pssssssss
Ontem, na reunião do grupo de pesquisa, falávamos sobre entrevistas, sua obtenção, sua gravação e transcrição e a desgraça que tudo isso podia representar para o pesquisador. A coisa toda tem sido feita assim: ônibus, mapas, gravadores, um número absurdo de fitas, MSWord e um pesquisador munido de muita paciência e espírito de sacrifício e com um bom preparo físico para andar atrás dos entrevistados e fugir dos cachorros. Dentro do anedotário da pós-graduação tem o registro de uma colega que dormiu na casa do entrevistado porque o último ônibus para a biboca em questão era as 8 da noite. Tem o lado abonado da força que contrata entrevistadores (geralmente para a turma positivista não tem importância quem faz a pergunta) e alguém para fazer a transcrição. Ou, ainda se enrola (ou paga) ainda mais usando algum software de categorização.
Foi aí que eu falei para eles do podcast e das possibilidades de gravar as entrevistas em aparelhos simples tipo estes sucedâneos de mini I-pods que são vendidos pelos camelôs, passá-los para o computador e seguir uma receitinha de bolo para fazer um podcast. Ahhhh, mas a trancrição e a categorização ainda continuam.
Pois, é ... É aí que algum aplicativo tipo o podzinger pode auxiliar. Ele é um aplicativo que busca por palavras e expressões dentro de arquivos de áudio e vídeo. Semelhante ao podscope, do qual eu já havia falado um ano atrás.
O problema é que o arquivo deve estar disponível na rede, o que certamente ferirá a ética de pesquisa. Logo, vamos ter de localizar uma solução desktop para isso.
Google associa orkut com gmail e várias teorias conspiratórias circulam na blogosfera. mais infos no Estadão
E para aumentar ainda mais a abrangência, lança o Blog Search, sistema de busca específico para conteúdos em blogs. Numa olhada rápida dá para perceber que blogs 'blogspot' são os primeiros a aparecer.
enquanto isso... chove lá fora, está um frio danado e eu estou com sono e cheia de coisas para fazer.