Comecei a usar rss e agregadores em 2003. Na época, o blogger não tinha este recurso e distribuir o conteúdo do blog por rss era trabalho artesanal. Se inseria umas tags em volta do código de postagem do template do blog e se usava um script que parseava o conteúdo fazendo o feed.
Para ler os feeds que eu subscrevia usei o Sharpreader, um aplicativo desktop, depois o Bloglines e, atualmente, o Google Reader (aplicativos web). Mesmo continuando com o Bloglines, hoje uso mais o Google Reader, principalmente pelas formas de classificar e compartilhar o conteúdo lido.
No Google Reader podemos escolher com quem compartilhar nosso conteúdo e, estes amigos, podem escolher se vão ler o que nós estamos compartilhando.
Hoje, o Sérgio compartilhou um texto do no 15 que fala que é preciso sharear* bem para sharear sempre. Lendo esta recomendação, que veio com a seguinte nota:
“Não vou citar nomes porque é antipático, mas se você usar o recurso de compartilhar textos do Google Reader não deixe de ler :-) (Assinei este feed só para poder compartilhá-lo)”
resolvi escrever.
No texto, o autor faz algumas recomendações para que o uso do compartilhamento seja bom para todos. Em resumo: compartilhe o que tu achas que vai interessar aos outros, coloque uma nota explicativa naquilo que compartilhar e tenha bom senso para não entupir os outros com informações. Boas idéias que valem para listas de discussão, twitter e outros locais de troca de informações.
Mas eu queria chamar a atenção para esta possibilidade de compartilhamento e para a apropriação que já estamos fazendo. Para quem não conhece, cada postagem lida no Google Reader tem no rodapé as seguintes possibilidades:
)) Adicione uma estrela: para marcar uma postagem que você julga relevante. As postagens estreladas ficam separadas num link próprio para consulta.
)) Share (compartilhe): marcando esta opção os amigos com os quais você compartilha as suas leituras vão receber esta postagem quando acessarem o link "Friend's Shared Itens"
)) Share with a Note: o mesmo acima, mas com a possibilidade de acrescentar uma nota e tags ao que for compartilhar.
)) Email: para compartilhar por email (útil para postar via email direto no blog)
)) Keep Unread: para manter aquela postagem marcada como não-lida.
)) Adicionar Tags: para classificar aquele conteúdo. As tags que tu fores criando vão aparecendo ao final da lista de sites\blogs agregando tudo que for classificado.
A nossa apropriação da possibilidade compartilhar com uma nota é re-compartilhar uma postagem recebida por compartilhamento, com uma nota respondendo a nota inicial. No meu entender, este uso reforça o que está sendo compartilhado e mobiliza o debate. Se bem que pode gerar uma espécie de chat em espaço inadequado. Além de ser um diálogo que apenas algumas pessoas acompanham, pois os amigos com quem compartilhamos não são os mesmos na totalidade.
Esta apropriação indica uma tendência que pode motivar o Google Reader a acoplar uma ferramenta ao estilo dos "scraps" do Orkut ao Google Reader. Nada tão Google Talk, mas, também, nem tão Twitter.
Outra apropriação é a que o Sérgio confessa no seu bilhete: assinar um feed só para compartilhar. Eu já vinha fazendo isso, também, quando encontrava alguma coisa na rede num site que eu não assinava, mas queria compatilhar.
Basta começar a assinar o feed. O GReader 'puxa' o conteúdo; compartilhamos a postagem desejada e não terminamos de assinar o feed. Existe um botão para adicionar a barra do navegador que faz isso. (Me perdi dele na última formatação e preciso localizar novamente)
É interessante estes usos diferentes da proposta inicial de um aplicativo, pois quebra, por meio da nossa criatividade, o que poderia ser um determinismo tecnológico.
Nos últimos dias tenho lido mais postagens sobre o twitter do que as twitagens de meus companheiros de twitter. Para quem não sabe, o twitter é um aplicativo web de microblogging a partir da pergunta inicial "o que você está fazendo?, ou seja, faz mini postagens que uma rede de pessoas que decidem lhe acompanhar. E você, por sua vez, vai ler as micro postagens daquelas pessoas que você está acomapnhando.
E, nas postagens sobre o twitter que ando lendo, é possível constatar a construção de uma "cultura twitter", na qual cada dia alguém descobre, intui, fuça uma forma de usar o twitter.
A apropriação da tecnologia é uma coisa que transcende a hype. Quando a coisa está na boca de todo mundo a gente vai lá, se inscreve, instala, usa. Aí vem as desistências rápidas, quando o cara não entende ou entende e faz um julgamento sumário; tem as desistências médias, quando a pessoa usa um tempinho e abandona sem muitas considerações. Bom, ... eu penso que o twitter ainda não chegou no estágio de ter aquelas desistências muito pensadas, discutidas, avaliadas,...
Eu fiquei na desistência média. Me inscrevi na primeira onda, usei um tempinho e larguei. Faz um tempo que voltei, meio que na obrigação, para ver para onde ia a coisa toda. E notei alguma mudança minha em relação ao uso. Observei os demais e me parece que achei uma tendência se criando.
Mais forte que a pergunta original do Twitter: "o quê você está fazendo?" eu estou vendo as pessoas responderem com o que está acontecendo. E aí o twitter assume na rede uma possibilidade de rapidamente disseminar informações relevantes sobre temas de interesse geral.
Nestes dois comentários eu descrevo esta minha reaproximação com o twitter e estes recentes achados sobre a apropriação que individualmente e socialmente começamos a fazer da tecnologia.
Falo, especialmente que, sobre o Twitter, precisamos esperar. Dar um tempo e ver como as pessoas se apropriam da coisa. Por exemplo, o Orkut criou os testimonials para que as pessosas falassem umas sobre as outras ou fizessem declarações públicas em relação ao amigo.
Porém, os usuários descobriram uma nova forma de usar o testemunho: para enviar informações privadas. Informações que não desejam que sejam, de jeito nenhum, públicas. Isso é possível porque o testimonial tem que ser aceito por quem o recebe e pode, no seu texto, conter a orientação para que seja lido, mas não seja aceito. Aceitar significa publicar, no caso.
Esta é uma prática comum que observo entre os meus alunos. Lá nos recados (scraps) vêm a solicitação me manda por testemunho, o que significa, me manda em segredo.
O Twitter vai passar certamente por estas adaptações e apropriações criativas.
El proyecto [Zaptlogs] fue concebido y desarrollado por la investigadora brasileña Suzana Gutierrez durante el cursado de su maestría en Educación en la Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Sus objetivos se orientaron a la construcción de alternativas en la formación de educadores autónomos en el trabajo con tecnologías digitales educativas y a la utilización de medios para la formación de comunidades de investigadores para intervenir en las mismas con una propuesta de apropiación de las TICs. Para ello utilizó weblogs como tecnología de comunicación digital en red que le permitiese construir espacios de investigación, colaboración y aprendizaje. Susana accedió a compartir con nosotros su relato y conclusiones de aquélla experiencia que concluyó pero que continúa expresándose en la red.
[zaptlogs] - relato de experiência e pesquisa
Suzana Gutierrez Mestre em Educação, Pesquisadora do TRAMSE UFRGS Professora do Colégio Militar de Porto Alegre