sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Publicar ou Morrer II


Eu não SOU da academia, apenas ESTOU na academia, como aluna do doutorado e pesquisadora. Não pretendo entrar para a universidade como professora / pesquisadora. Pelo menos, isso não faz parte dos meus mal planejados projetos de futuro. Gosto do que faço e pretendo continuar trabalhando onde trabalho.

Porém, ...... Gosto de pesquisar, adoro estudar, me divirto lendo, fuçando, aprendendo. E isso vou continuar fazendo.

Neste contexto, o que eu publico em revistas. anais, etc está na medida do que é necessário no doutorado e para contribuir com a instituição onde estou - UFRGS. Ou seja, fora isso, não estou nem aí para os qualis, para os índices de produtividade, para rechear o meu lattes. Publico, na maioria das vezes, para compartilhar mesmo e porque adoro escrever. Hoje, a la Rainha Branca, eu penso em seis coisas impossíveis antes do café da manhã, mas, quando eu crescer eu quero ser a Agatha Christie.

E é a partir deste meu lugar é que eu sigo comentando sobre Publicar ou Morrer.

A Raquel e a Adriana, também postaram sobre o assunto, tocando em diversos pontos da complexidade qiue é esta questão de publicar na academia x acesso livre. A Raquel fala sobre as diferenças entre o Brasil e os EUA, em termos da qualidade \ fechamento das publicações e avisa (e eu concordo com ela) que o Brasil tem muitas publicações abertas de excelente qualidade, inclusive consideradas pelo qualis.

Raquel traz ao debate o dilema de quem está na academia pressionado por regras que avaliam o pesquisador e a instituição mais pela quantidade do que pela qualidade. É nestas que surgem as máquinas de fabricar artigos, muitos quase um auto-plágio (eu já beirei isso diante de certas imposições, até porque fica difícil não se repetir ao contar a mesma coisa).

A Lady A (gosto de chamar a Adriana pelo nick dela) fala da desgraça que é quando queremos (ou precisamos) muito ler alguma coisa e ela está trancada em algum lugar não acessível, ou acessível apenas pelos servidores da universidade.

A Raquel concorda comigo, com a Lady A e com a danah (com minúsculas como a Raquel ensinou) em relação a importância do acesso aberto na internet, mas aponta a face complicada da publicação aberta: o oportunismo dos que copiam e colam :), o todo ou as partes, sem nenhuma referência a autoria. E eu acrescento: e que publicam como se seus fossem, partes inteiras copiadas de textos teus já publicados em revistas e anais conceituados.

Isso aconteceu comigo e, mesmo contatando os editores das duas revistas e enviando as comprovações, os textos lá continuam, decerto apostando que a professora brasileira não vai ter perna para processar duas revistas fora do Brasil.

Concordo com a Raquel que o desespero por publicar torna quase inacessíveis periódicos e eventos, mesmo os nem tão importantes e que a avaliação por pareceiristas cegos (quando os pareceristas lêem o trabalho sem saber de quem é) poderia reverter este quadro dando oportunidade à autores iniciantes e à pesquisas que não estão amparadas no nome do pesquisador. Eu acrescento: a escolha dos pareceristas e a distribuição dos trabalhos por eles deveria ser alvo de muito cuidado.

Em 2005, encaminhei um artigo sonre RSS e Educação para um congresso de informática na educação, para a sub-área educação/formação do professor, pois o artigo falava das possibilidades da agregação de conteúdos para a educação, focando no professor, na escola e seus projetos. Não foi aceito com a seguinte justificativa: este é um tema já muito discutido e conhecido dos professores. Nem hoje, 2008, é um assunto de domínio de professores. E eu fico pensando: quem é este parecerista?

No final da sua postagem a Raquel diz:

Por fim, minha defesa mais polêmica: Eu também acho que a pesquisa realizada pela graduação deveria ser mais valorizada. E acho que as revistas deveriam ter um espaço para a Iniciação Científica. Eu creio firmemente que IC não é mão de obra barata, mas uma chance de que alguém comece a dar seus primeiros passos, escolha um problema e investigue-o.

Só concordo. E vejo, neste trechinho acima, um monte de coisas para discutir. Por exemplo: como, quando e onde os alunos são considerados mão de obra barata na IC; o que, às vezes, está por trás da publicação conjunta de orientador e orientando; ...

E acrescento: Eu defendo a pesquisa feita na e pela educação básica. Por que o olhar da academia seria mais importante e qualificado do que o olhar do professor da escola de ensino fundamental e médio?

E, ... sosseguem, vou encerrar por aqui :) Vou arremesar prá errar e vamos ver quem pega o rebote.

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