Refletindo sobre o post da Iris que fala do uso de blogs na avaliação:
É necessário considerar inicialmente a distinção entre blogs como instrumentos de avaliação e blogs como espaço de aprendizagem. Isso não me parece claro no texto dos autores. Eles confundem, também, os objetivos de alunos e professor em relação ao blog.
Pensando no uso de blogs como instrumentos de avaliação:
:: O blog deve dar visibilidade em relação ao cumprimento ou não dos objetivos da disciplina ou curso.
:: A avaliação pode compreender dois espaços diferentes: forma e conteúdo. Considerando que estes não são espaços estanques, ao contrário, se complementam dialeticamente.
:: É bom distinguir se o blog é projeto livre do aluno ourequisito da disciplina/curso. No segundo caso, o planejamento pode ser mais ou menos aberto, porém o uso do blog tem de ser especificado no plano da disciplina/curso.
:: Seria bom trabalhar os objetivos do aluno e da disciplina, naquilo em que eles se aproximam ou se afastam.
:: Blogs como portfolios podem conter recursos relativos a avaliação de diversas disciplinas, mas torna mais difícil o acompanhamento por parte do professor. Por outro lado, favorece o trabalho interdisciplinar e a visão do todo do curso.
:: Avaliar um blog é um processo dialético e não holístico, porque é histórico.
:: O diálogo entre blogs de alunos deve ser incentivado e, até, provocado pelas atividades do curso ou disciplina. Não basta dizer "leiam e comentem os blogs dos colegas", é necessário estabelecer atividades que provoquem isso. Pequenas tarefas realizadas com regularidade podem ser o detonador da emergência de um comportamento mais dialógico e colaboarativo.
:: Sobre objetivos e critérios de avaliação: acredito que devem ser claros e, se possível, construídos conjuntamente no processo.
:: Quando se trata de avaliação é difícil fugir do padrão de "o professor pergunta e o aluno responde". Faz parte de uma cultura onde o que se espera do aluno é que devolva ao professor aquela informação que foi nele depositada na aula. Espera-se que o aluno responda aquilo e somente aquilo que foi perguntado. Aliás, esta cultura ainda se encontra bem viva por aí, inclusive, no texto traduzido pela Iris, quando eles falam que o papel do professor é lembrar ao aluno as metas propostas quando houver dispersão.
:: Blogs não devem ser usados como cadernos ou questionários online, onde o aluno recebe conteúdo e devolve respostas, mas como espaço de construção de conhecimento, um espaço que é individual e, ao mesmo tempo, coletivo. Como trabalhar numa perspectiva dialógica que fuja do modelo polarizado emissão-recepção é a grande questão. Uma pista para isso é considerar o aspecto aberto do blog: a possibilidade de todos alterarem tudo, inclusive o próprio ambiente. Assim, os alunos poderiam editar/ampliar/interferir nas atividades propostas pelo professor. Esta forma de trabalho, entretanto, é um processo que leva tempo para construir.
:: Um postulado geral sobre o uso de blogs na educação: é essencial que o professor tenha e use um blog, também.