quinta-feira, janeiro 01, 2009

Gaza Urgente


Pedro Doria tem razão ao comentar que os massacres não são acontecimentos raros e são tão espetaculares quanto for espetacular o seu possível interesse midiático.
Centenas de mortos são uma tragédia sempre. Mas há uma piada comum de redação: o editor chega para o responsável pela primeira página dizendo que um acidente matou 500. Onde?, pergunta o chefe. Se for na China, 500 não é nada. Se for em Luxemburgo, é uma tragédia nacional. Um não rende nota; outro é chamada de primeira, acima da dobra.
Palestino morto por Israel vende jornal. Israelense morto por palestino, também. E, justiça seja feita, um homem bomba que mate três israelenses vale primeira página. Para os palestinos chegarem lá, é preciso contar na casa das dezenas. Veja-se por outro lado: somalis, mesmo às centenas, às vezes não entram.(Pedro Doria, 01/01/2009)
Porém, o que neste momento acontece entre palestinos e israelitas faz parte de uma história que reflete toda uma ordem mundial que hegemonicamente construída e com caminhos bem claros desde meados do século passado. Caminhos estes nem sempre lineares em direção a uma ideia de progresso de forte acento iluminista, mas com algumas alterações bem escolhidas e atribuídas a uma pretensa pós-modernidade do tempo. Caminhos que retornam sobre si mesmos e que, por isso, abrem espaço para uma nova escuta, uma renovada avaliação.

Assim, acompanhando o que sucede em Gaza, é preciso se manter equilibrado na ponta afiada da crítica e considerar aquilo que se mostra, mas, também, aquilo que se esconde no contexto que hoje vivemos e do qual este terrível desdobramento é tão característico quanto revelador.

Neste sentido, eu recomendo algumas leituras:

EUA e União Européia são cúmplices do massacre em Gaza - por Tariq Ali para o The Guardian, publicado pela Agência Carta Maior.

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