quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Quem é o homem algorítmo?




O melhor da semana é que saiu na Carta Escola, da Carta Capital, um texto e um conjunto de atividades que eu e a Lilian Starobinas construímos juntas. O título é "Quem é o Homem Algorítmico" e vem logo depois do texto do Silvio Meira, Nasce o Homem Algorítmico. Infelizmente, esta produção sai só na revista impressa. Porém, estamos vendo um jeito de poder socializar o texto.

A coisa que mais me agradou neste trabalho foi realizá-lo junto com a Lilian. E tem gente que acha essencial o olho no olho para que alguma relação tenha realmente empatia. Fizemos tudo à distância, tudo construído cooperativamente mesmo. Uma experiência muito boa em todos os sentidos.

Começamos lançando todas as viagens possíveis e, depois, fomos juntando as nossas idéias e construindo um caminho comum. Muito interessante. Por ex:

O texto do Sílvio começa assim: "Pedro está colado no celular de Mano jogando alguma coisa cuja trilha sonora é de tirar o juízo de qualquer um que não tenha anos de meditação. De repente, pára e pede: “Mami, diga xis!” A mãe, no banco da frente, diz. Pedro retruca: “Olhando pra cá, né, mami?” Todo mundo ri. Pedro, 6 anos, e Mano, 10, estão explorando um dos 120 milhões de celulares existentes no País, muitos deles nas mãos dos “manos” de 10 anos."
Para iniciar a nossa provocação, eu comecei sugerindo:

"Eram cinco horas da tarde quando Valdisnei pegou Tiaron e Uesli pela mão e foi rápido para a bica, que ficava dois barracos adiante do barraco onde ele mora com a mãe e os cinco irmãos e irmãs. Tinha de chegar rápido na bica para lavar os dois, antes que o pessoal da vila começasse a voltar para casa e a fila ficasse muito grande. Agora era todos os dias esta lavação, porque senão o pessoal da creche não recebia os dois e aí Valdisnei não podia ir para a escola. Deu banho nos dois e se lavou mais ou menos. Tinha vergonha de tirar a roupa ali na rua. Pegou a sacola com a roupa suja e puxou os dois pela mão na direção do boteco da esquina. Queria assistir um pouco de TV antes da mãe voltar. Em casa tinha TV, mas não tinha luz, porque os 'gatos' no poste mais perto da sua casa tinham estourado e deixado sem luz aquele pedaço da vila. Ficou por ali, olhando Malhação, enquanto Uesli e Tiaron se sujavam de novo brincando com um cachorro. A mãe ia demorar e era bom eles ficarem entretidos para não sentir fome. Valdisnei (que a professora chamava Valdisnei e que a mãe corrigia: o nome dele se diz Val Dísnei) se espichou para ver pela janela aquele mundo diferente que a novela mostrava."

Mas mudamos: em vez das crianças, terminamos por colocar o professor no centro da conversa, num contraponto não tão contrastante, mas, que até por isso, mostra as contradições do viver digital.

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