domingo, junho 17, 2007

BrasNet, fim de uma época da internet no Brasil


Este meu afastamento das coisas da rede, me fizeram perder o final de uma época. Para mim, a morte da BrasNet encerra o final de uma época. Foi no IRC que comecei a conhecer a internet e aprendi a maioria das coisas que sei.

Na BrasNet, comecei como conta a história abaixo. Este texto é parte da minha dissertação.

E, se a BrasNet morreu, morre junto os meus alter egos lá. Descansem em paz SusieQ ( Ircop da BrasNet, Op dos canais #ajuda e #Brasnet), RuNNer (o guri :) do RuNNer Script) e suzzana (a usuária comum).

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Em princípio, tratei de aprender como manejar o correio eletrônico e o navegador. Fiz isso explorando, testando, errando, perguntando, lendo os arquivos de ajuda. Havia um determinado ícone da tela, colocado por iniciativa do técnico que fizera a instalação, que se tornou muito importante na minha aprendizagem. Era o acesso para um aplicativo chamado Avalanche que, quando executado, fazia conexão com algum tipo de lugar e abria uma janela oferecendo várias opções de acesso desconhecidas. Depois de algumas tentativas sem encontrar nada, escolhi a opção chamada #scripts e abriu-se uma grande janela. Digitei, então, a frase que foi a minha primeira interação com pessoas na internet:

<marginal> o que são scripts?

A frase surgiu na tela. Aparentemente, marginal era eu.

<scripter> script é isso que vc ta usando para entrar aqui.

Na conversa que se seguiu, descobri que Avalanche era um script criado para um aplicativo chamado mIRC e que IRC era o tipo de rede que eu estava acessando. Foi neste espaço que comecei a aprender sobre a internet e seus usos. Da navegação solitária passei aos territórios povoados e colaborativos. Ouvindo, perguntando, seguindo dicas, pesquisando ...

O contato com aquelas pessoas, algumas distantes e desconhecidas, me fez compreender a rede e muitas de suas possibilidades. Fez com que eu pudesse transpor para a internet e exercitar, também, a forma de aprender que já estava implícita na minha relação com os livros. Aprender de forma independente, autônoma, fora dos limites dos programas e currículos, buscando o conhecimento que está no mundo nas práticas das pessoas.

Não só descobri o que era um script, como construí um, o RuNNer , no início para uso próprio e, mais tarde, para alguns amigos. Isso depois que explorei tanto alguns scripts, desconstruindo-os a ponto de chegar-lhes nas tripas, descobrindo que eram programados usando uma linguagem parecida com as que eu aprendera no curso de engenharia. Mais tarde, devido às solicitações, decidi disponibilizar o RuNNer na rede. Como uma coisa leva a outra, aprendi html para poder fazer a página. Foi nessa época que me tripliquei na rede: suzzana, a usuária comum; RuNNer, a scripter que todos imaginavam ser algum adolescente; SusieQ, a Ircop, uma das poucas operadoras da rede Brasnet .

Foi possível constatar que construir conhecimento passa pelo contato com informações distribuídas nos mais variados espaços. Uma condição de possibilidade mediada pelas pessoas que interagem nas redes, dialogando, cooperando, construindo sentido.

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