sábado, julho 09, 2005

Live G8


Países do G8 não irão combater raízes da pobreza no mundo
Apesar dos atentados que abalaram Londres nesta quinta (7) - e que tiraram o seu presidente, o premiê britânico Tony Blair, dos trabalhos -, a Cúpula do G8 apresentou uma série de definições que, segundo seus líderes, demonstrariam a real vontade dos sete paises mais ricos e a Rússia de combater a pobreza e possibilitar ao mundo cumprir as Metas do Milênio da ONU para o Desenvolvimento ate 2015.

Para grande parte das organizações da sociedade civil, no entanto, a cúpula não trouxe nenhuma novidade, muito menos avançou no combate real às raízes da pobreza. Segundo a direção da ONG internacional Action Aid, “o anúncio feito em junho pelos ministros de finanças do G8 foi uma boa notícia para os 18 países que teriam suas dívidas canceladas, mas só atinge 10% do problema e fica muito aquém do cancelamento total da dívida, desesperadamente necessário para mais de 60 países. Isso faz com que muitos gastem mais pagando o serviço da dívida que investindo em educação e saúde. Se as cláusulas de contrato forem checadas, se verá que o dinheiro para pagamento de juros vem sendo amplamente retirado de orçamentos de ajuda já existentes”.

De acordo com o diretor da entidade para a América Latina, Adriano Campolina, que participou da cúpula na Escócia (de onde falou à Carta Maior), como não se mencionou claramente que não haverá condicionalidades ligadas ao perdão das dívidas, é muito possível que elas de fato existam. “O Banco Mundial é o maior impositor de condicionalidades aos seus credores. Ou seja, em troca de negociações de ajuda, as instituições multilaterais apresentam condições, como avanço nas privatizações, nas desregulamentação do mercado, etc. Se isto continuar, não adianta nada o perdão das dívidas”. [Agência Carta Maior]


Lá pelo meio:
Um Blair pálido e de sorriso amarelo, visivelmente abalado pelo cismo sofrido no dia anterior, divulgou na tarde desta sexta (8) um balanço geral do evento. Destacou, em primeiro lugar, um plano de apoio à África que consistirá em dobrar a ajuda humanitária até 2010. Aliás, a ajuda para todos os países em desenvolvimento deverá aumentar, segundo a declaração final da Cúpula, em cerca de 50 bilhões de dólares por ano, dos quais pelo menos 25 bi/ano extras para a África. Ainda no item ajuda humanitária, os membros da União Européia falaram em alcançar, até 2010, uma meta de 0,56% do PIB para ajudas ao terceiro mundo, com vistas para, até 2015, atingir os 0,7% estipulados pela ONU. (destaque meu)

E aí vem a contrapartida:
"Pelo amor de Deus, parem de ajudar a África!", afirma economista do Quênia
Especialista explica que a ajuda internacional alimenta a corrupção e impede que a economia se desenvolva, o que destrói a produção agrícola e causa desemprego, mais miséria e mais dependência.
O especialista em economia James Shikwati, 35, do Quênia, diz que a ajuda à África é mais prejudicial que benéfica. O entusiástico defensor da globalização falou com a SPIEGEL sobre os efeitos desastrosos da política de desenvolvimento ocidental na África, sobre governantes corruptos e a tendência a exagerar o problema da Aids.
Ele diz: Essas intenções estão prejudicando nosso continente nos últimos 40 anos. Se os países industrializados realmente querem ajudar os africanos, deveriam finalmente cancelar essa terrível ajuda. Os países que receberam mais ajuda ao desenvolvimento também são os que estão em pior situação. Apesar dos bilhões que foram despejados na África, o continente continua pobre. [UOL, destaques meus]


E a cobertura continua:
Ativistas aprovam perdão a dívidas, mas cobram mais
O cantor Bob Geldof, que está organizando a série de shows Live 8, que visa chamar atenção para o problema da pobreza e pressionar o G8 a fazer algo a respeito, disse que o acordo é “uma vitória” e um “começo”.
Mas ele disse que o trabalho só estará acabado quando for obtido o “pacote completo: cancelamento das dívidas, duplicação da ajuda e o comércio justo”. [BBC Brasil]


Ativistas? Onde? Os movimentos sociais reunidos junto ao G8 não ganharam expressão alguma na midia. Parece que o movimento social tem só tem vida quando atrelado ao festivo Live 8. A BBC mostra apenas o lado bem-humorado da coisa.

Isso tudo lembra muito, muito, Debord:

É o princípio do fetichismo da mercadoria, a dominação da sociedade por «coisas supra-sensíveis embora sensíveis» que se realiza absolutamente no espectáculo, onde o mundo sensível se encontra substituído por uma seleção de imagens que existem acima dele, e que ao mesmo tempo se fez reconhecer como o sensível por excelência!

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