segunda-feira, janeiro 05, 2009

Os estranhos


O Estranho instala a incerteza onde a certeza e a ordem "deveriam imperar".

Bauman diz que os estranhos são aqueles "que não se encaixam no mapa cognitivo, moral e estético do mundo"[1]. Dentro do contexto de um 'certo mundo' ou mundo hegemonicamente determinado como a única alternativa aceitável. A presença do Estranho no mundo, numa comunidade ou sistema social, instabiliza, confunde e desafia.

O Estranho tem muito de Arrivista, (mexendo um pouco com as concepções de Bauman), e considera os limites como faróis que podem guiar a sua ação ou iluminar as possibilidades de caminho. Ao ultrapassar limites, o Estranho destrói a ilusão de segurança e ordem daqueles que veem os limites como cercas protetoras fixas e imutáveis.

A sociedade da ordem tem dificuldade em lidar com o Estranho. Sua "estranheza" deve ser assimilada (devorada), excluída (afastada para longe, guetizada) ou, se nada funcionar, destruída. Uma destruição criativa - mutilar e corrigir. (Bauman seguindo Schumpeter)

Na era dos tutoriais e dos 'how to', quem se atreve a duvidar-pensar os ingredientes e os procedimentos, logo assiste o 'ritual das portas' e escuta os alarmes disparando. Um Estranho no ninho!

Porém, ... como diz o poeta:

"eles são muitos, mas não podem voar..." [2]

Eu, estranhamente, acrescento: "para estes muitos é mais seguro viver de asas cortadas"

[1] O mal estar da pós-modernidade - Zygmunt Bauman (Zahar, 1999)
[2] Pavão Mysterioso - Ednardo

* a nossa tão propalada pós-modernidade tem limites bem precisos para a liberdade. Eu diria que bem mais rígidos que os modernos.
** viver a rede, às vezes, me inspira estas coisas.

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