segunda-feira, setembro 22, 2008

Gilda


Uma vez eu tive um lambari chamado Gilda. Ela reinou absoluta no aquário, após comer todos os coleguinhas. Criar peixinhos foi uma atividade que me tomou um tempo nos meados da adolescência. Eram relativamente fáceis de cuidar. Relativamente, porque, com equipamento artesanal, muita água de aquário eu tomei usando aquelas mangueirinhas de tirar gasolina.

É... eu não fazia como a minha vó que botava os peixes em cima da mesa enquanto lavava o aquário na pia da cozinha. - É só um pouquinho - justificava ela, enquanto eu olhava com os olhos arregalados os pobres bichinhos pulando na toalha.

O problema é que, embora relativamente fáceis de cuidar, os peixes eram difíceis de transportar e, aí, qualquer saída mais demorada implicava em achar uma babá.

Por um tempo eu pensei ter a solução: meu dentista tinha um daqueles aquários tri profissionais. Segundo me confidenciou, gostava dos peixes porque eram quietos. Considerando que eu estava de boca aberta enquanto ele gesticulava com um daqueles ganchos terríveis e discursava sobre as virtudes do silêncio, meio que entendi onde ele queria chegar...

Assim, quando chegou o verão, eu levei os meus peixes para o aquário dele. Bom, ... a coisa era tão profissional que, além da água, das plantinhas e quinquilharias, eles trocavam os peixes! o.O

Horror! Quando voltei e fui procurar pelo Zézinho e o Joca não achei. Revirei atrás das plantinhas e nada. - Pega qualquer um.. - disse o tiradentes desnaturado.

Foi aí que eu desisti dos aquários. Mas, quando olhei para a carinha da minha gárgula, lembrei imediatamente da Gilda. E vai aí a foto dela, montando guarda nos dvds de basquete, com as asinhas coladas com super bonder depois de ter aterrisado mal de um vôo da estante dos livros.



Caso alguém esteja se perguntando: - Por quê, em nome dos céus, ela está tentando me fazer perder tempo com esta história???

Respondo: Aqui, além de histórias que me interessa contar, tem histórias que me interessa guardar. Porque não quero esquecer.

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