domingo, junho 25, 2006

vento do sul


Escrevi isso faz um bom tempo, porém voltei para casa ainda pouco trazendo nos olhos o por de sol cinza e rosa de uma Porto Alegre quente varrida por um vento frio. E aí lembrei :)


vento do sul, postada por suzzinha.

Muitas coisas só são percebidas na proporção da sua ausência ou no poder dos seus efeitos. O vento, por exemplo, só é notado quando sua falta faz com que as velas dos barcos se tornem inúteis. Ou, quando sua força faz crescer as ondas no mar e deitar os juncos na beira da praia.

Muitas vezes, eu quis ser como o vento. Algo invisível e com tamanha personalidade. Ora manso, acariciante. Ora frio, cortante. Mas sempre imprevisível, livre. E, muitas vezes, o vento foi meu companheiro. Quando as perguntas se tornam tantas ou quando as respostas possíveis já não são suficientes, sempre se pode escutar o vento.

Como o vento, podemos ou não deixar rastros onde passamos. Desde um perfume de flores distantes até trilhas de destruição. Assim como o vento podemos deixar nossa marca no mundo e nas pessoas.

Assim, se marcas eu venho deixando, que sejam elas as boas marcas. Talvez um certo jeito de rir das coisas, a rebeldia, a persistência, ou a necessidade de liberdade. Talvez uma forma clara de amar, ou a inquietude e a capacidade de renascer a cada dia.

Penso que é para me manter consciente destas coisas que tenho na varanda um daqueles sinos de vento. Aqui no sul eles não têm descanso. Quando tocam, trazem as vozes de outros sinos, de outros lugares, respostas para perguntas que ainda não foram feitas.

Hoje meu sino está parado, uma calmaria cheirando a jasmim no ar de Porto Alegre.
Mas, embora o sol, o horizonte é cinza e rosa e avisa da tempestade.
Alguma coisa me diz que , hoje ainda, o vento vai aprontar horrores lá fora e vou ouvir meu sino tocando feito um louco. Vento sudoeste levando respostas...

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