domingo, abril 10, 2005

Os seis náufragos e a economia mundial


Suponha que seis náufragos encontram-se abandonados numa ilha deserta, cinco asiáticos e um americano. Além disso, suponha que os náufragos decidem dividir a carga de trabalho entre si da seguinte maneira: (a bem da simplicidade, o único desejo dos náufragos é satisfazer a fome) um asiático é encarregado da caça, um outro da pesca e um terceiro de descobrir vegetação. Um quarto é encarregado de preparar a comida, ao passo que ao quinto é dada a tarefa de colectar lenha a acender o fogo. Ao americano é dada a tarefa de comer.

Assim, na nossa ilha cinco asiáticos trabalham o dia todo para alimentar um americano, o qual gasta o seu dia a bronzear-se na praia. Ele está empregado no equivalente ao sector de serviços, operando um salão de bronzeamento que nenhum dos asiáticos na ilha utiliza. No fim do dia, os cinco asiáticos apresentam um banquete cuidadosamente preparado para o americano, o qual senta-se à cabeceira de uma mesa especial, construída pelos asiáticos especificamente para essa finalidade. Percebendo que banquetes subsequentes só viriam se os asiáticos estivessem vivos para providenciá-los, ele concede-lhes apenas umas poucas migalhas da sua mesa para sustentar o seu trabalho no dia seguinte.

Economistas dos dias modernos diriam que este americano é o único motor de crescimento a conduzir a economia da ilha e que, sem o seu voraz apetite, o asiáticos dali estariam desempregados. A realidade, naturalmente, é que a melhor coisa que os asiáticos podiam fazer para melhorar os seus destinos seria votar pela retirada do americano da ilha. Sem o americano a consumir a sua comida haveria um bocado mais disponível para eles próprios comerem. Em alternativa, eles podiam gastar menos tempo nas tarefas relacionadas com a sua comida, dedicando o tempo extra a mais lazer ou a satisfazer outras necessidades, as quais anteriormente não eram preenchidas pois muito dos seus recursos escassos eram dedicados a alimentar o americano.

Agora, alguns de vocês estarão a pensar que esta analogia é enviesada, pois na economia do mundo real os americanos pagam pela sua comida, de modo que no mundo real os asiáticos que proporcionam refeições recebem valor em troca dos seus esforços. OK, vamos assumir que o americano na nossa ilha paga pela sua comida da mesma maneira que no mundo real os americanos pagam pela sua, compram emitindo promissórias (IOUs). Vamos assumir que no fim da refeição os asiáticos apresentem uma conta ao americano, a qual ele paga através da emissão de promissórias que pretendem representar futuros pagamentos da comida.

Contudo, todos os náufragos sabem que as promissórias nunca poderão ser cobradas, pois a América não tem comida ou os meios ou mesmo a intenção de fornecer algo no futuro. Mas os asiáticos aceitam-nas de qualquer forma, e a cada noite acrescentam-nas às pilhas de promissórias recolhidas nos dias anteriores. Estarão os asiáticos numa situação melhor em resultado desta acumulação? Estarão eles menos famintos? Não, naturalmente. ....texto completo por Peter Schiff

comentários:

Assinar Postar comentários [Atom]