sexta-feira, outubro 15, 2004


[Blogs x Listas de Discussão]


   O artigo de Steven D. Krause, When Blogging Goes Bad: A Cautionary Tale About Blogs, Email Lists, Discussion, and Interaction, não aponta para uma contradição entre blogs e listas de discussão, como o título deste post parece sugerir. É o relato de uma experiência com blogs que o autor conduziu com uma turma de alunos, experiência que ele considera falha. No relato, Steven traz a sua compreensão sobre o caso e, dentro desta compreensão, afirma alguns itens relacionados aos blogs e às listas de discussão, no que concerne à interatividade, diálogo, debate e colaboração.
   Mesmo que ele alerte de que não se trata de uma comparação excludente entre listas e blogs, em alguns trechos isso não fica bem claro, ou melhor, os dois meios são comparados quase sempre separados. Nesse sentido, perde-se o que eu penso ser mais eniquecedor, que é a possibilidade de unir lista e blogs num mesmo espaço colaborativo.
   Na minha experiência com o [zaptlogs], procurei unir dentro de um espaço colaborativo construido com blogs, diversos recursos que auxiliassem a aprendizagem, a interação e a colaboração, tais como:

>> as listas de discussão, com link para postagem direta.
>> chat, aproveitando o chat oferecido pela própria lista de discussão.
>> email individual, com uma página com os endereços da equipe.
>> comentários, adicionando um sistema de comentários possível de ser lido por rss.
>> RSS para leitura de posts
>> Trackback, para trazer as referências externas para dentro do ambiente.
>> links para os ambientes de alunos e subprojetos.
>> comunicação síncrona, usando ICQ, MSN ou Yahoo.


   Este ambiente híbrido, mesmo com algumas falhas, pois era um ambiente artesanal, construído usando recursos simples e gratuitos encontrados na web, possibilitou uma intensa colaboração que se mostra, não pelo que possa ser captado no blog colaborativo, mas pelos projetos gerados em colaboração. A montagem artesanal demanda algum conhecimento do coordenador/autor do ambiente, mas nada que não possa ser aprendido com alguma dedicação. Por outro lado, pode-se facilmente dispor um template com os recursos situados para edição. Uma espécie de protótipo de ambiente.

   A lista de discussão fazia o contraponto com o blog numa interação que organizou seu ponto de funcionamento coordenando as ações entre público/privado, importante/acessório, individual/coletivo, ... Neste sentido, tanto blogs como listas, e nisso discordo do autor do artigo, têm dimensões individual, coletiva, colaborativa ou não. Estas dimensões se alternam conforme o assunto desenvolvido e conforme as características dos sujeitos ou grupos. E não são estanques ou fixas, ao contrário, são dialéticas.
   Isso é bem visível quando começa a aparecer a consciência da dimensão pública do blog (se este é público) e a dimensão mais privada da lista (ou email individual).

   Falando nesta dimensão de publicação, que Steven refere, mas não aprofunda, eu creio que é justamente esta dimensão que faz de um blog público um meio único em educação. O alargamento da audiência, aquele outro que não conhecemos, mas que nos lê, motiva uma postura e um cuidado que, muitas vezes, fica fora do forum com os colegas. Além disso, traz para a discussão questões de outros contextos, de outros espaço-tempos.

   Por outro lado, Steven acerta quando fala que dispor um espaço para a escrita não garante que o aluno vá escrever. Isso vale tanto para listas, quanto para blogs ou outros ambientes interativos. E, nisso, me reporto a minha experiência com o [zaptlogs] e seus subprojetos, onde a maioria dos blogs individuais foram se extinguindo após o projeto, enquanto os blogs de subprojetos vão muito bem. Para escrever num blog (ou em qualquer lugar) tem que haver uma motivação, um projeto individual ou colaborativo, uma atividade, ... Então, é necessário que o professor tenha consciência disso e procure estabelecer relações que possam suscitar esta motivação. Uma tarefa que eu penso ser bem complexa ...


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