segunda-feira, setembro 13, 2004


[sobre um 11 de setembro]


   Decidi comentar sobre um 11 de setembro. Digo um, porque, embora a maioria das pessoas e da midia (não necessariamente nesta ordem) liguem a data ao que aconteceu ao WTC em NY, há muitos 11 de setembro. Allende e os sonhos dos chilenos cairam ao mesmo tempo, num outro 11/set sangrento.

   O que me motivou este post foi os comentários no blog da Raquel ao post onde ela lembra o momento em que ficou sabendo e acompanhou os acontecimentos do 11/set em que as torres gêmeas de NY vieram abaixo. No texto e nos comentários, a marca forte do espaço traduzindo os como, porquê e quando. Foi ali, naquele espaço, que pensei este post que fala do tempo.
   Lembrei o meu onde, um espaço-tempo tão marcante que atravessou a minha prova de seleção para o mestrado e foi parar até no projeto de dissertação:
Quando tentamos recuperar o tempo, na realidade, encontramos o espaço, nas diversas imagens que afloram e se decodificam na linguagem. O que é lembrado vem defasado pela distância, pela resolução da imagem, pela limitação dos signos. Tempo e espaço se confundem no movimento da prática social.
Há mais de um ano, eu estava sentada sob um guarda-sol olhando o lindo mar de Salvador quando a estação de rádio, que até então fazia uma trilha sonora convincente para minhas quase-férias, anunciou o impacto de um segundo avião no WTC em New York. Este acontecimento, que ainda repercute em todo o mundo, ficou indelevelmente marcado pelas imagens divulgadas repetidamente pela televisão: o momento preciso do impacto do avião na torre. Na minha memória, entretanto, este momento se espacializa e vem cercado de mar, de areia quente e de irrealidade.
   É... Eu ouvi a notícia na beira do mar em Salvador. Mais precisamente na praia de Catussaba, coladinha em Itapuã, sentada sob um guarda-sol, bem em frente aquele coqueiral que aparece na foto. A música animada do quiosque parou para dar a notícia e corremos para o trailler para ligar a pseudo TV e ... o resto já se sabe.

   e tudo isso, incluindo o que assisti sobre o aniversário do 11/set, o único 11/set que a midia e a maioria das pessoas parece conhecer, me lembra Debord:
Quando o mundo real se transforma em simples imagens, as simples imagens tornam-se seres reais e motivações eficientes de um comportamento hipnótico. [..]

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