quinta-feira, setembro 09, 2004


[conhecimento compartilhado]


   Estratégia para a esquerda? Marco Aurélio Weissheimer aponta nesta direção em seu artigo para a Agência Carta Maior. Foi muito interessante encontrar este artigo hoje pela manhã, justamente quando, ontem à noite, estive lendo as críticas demoliforas de Mészáros à Hayek (Para além do Capital).
Selecionei este breve trecho que mostra o ponto onde hoje se estabelece a contradição: conhecimento como bem humano à ser compartilhado X conhecimento como mercadoria a ser vendido.
   O artigo fala também sobre as eleições em Porto Alegre fazendo uma leitura muito interessante do momento histórico.
"Para dar conta dessas inquietações, ela visitou com mais atenção algumas idéias fundamentais de Hayek. Entre elas, encontrou um argumento que considera, até hoje, irrespondível: “boa parte do conhecimento econômico essencial não é como uma lei quantificável ou pelo menos codificável, que possa ser facilmente centralizada; milhões de decisões econômicas dependem do conhecimento prático; esse conhecimento é quase sempre tácito, coisas que sabemos, mas não podemos dizer, nas palavras do teórico pioneiro desse conhecimento, Michael Polanyi; é muitas vezes efêmero e evolutivo e não pode ser captado ou previsto por um cérebro central, por mais computadorizado que esse centro possa ser”.

A premissa é brilhante, admite Wainwright, mas Hayek tira dela uma conseqüência falaciosa: o livre mercado seria o único mecanismo capaz de fazer uso da riqueza desse conhecimento prático. O problema, prossegue, é que Hayek pressupõe que o conhecimento prático é, quase que por definição, individual. Ele não considera a possibilidade de tal conhecimento ser compartilhado. E aí está, finalmente, o ponto central do argumento: uma vez que se admite o caráter social e compartilhado do conhecimento prático, então existe a possibilidade de que as organizações sociais, onde esse compartilhamento se expressa, influenciem o caráter do mercado e a própria natureza do poder político. Isso permite, defende a autora, pensar e fortalecer uma nova abordagem do poder: “o poder, que é o da massa das pessoas que têm de contar com sua própria inteligência, umas com as outras e com os direitos que elas e seus predecessores conquistaram através da luta”."
   O artigo, cujo título é O que está em jogo em Porto Alegre pode ser lido na íntegra na Agência Carta Maior ou no InTramse, onde pode ser comentado.


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