sexta-feira, julho 16, 2004


[o que eu queria comer mesmo?]


- Habibish deliveri, boa noitem!

- Boa noite, eu gostaria de fazer um pedido.

- Por gentileza, senhóora. Com quem eu estou a falar, senhóora?

- Meu nome é ....

- Senhóora, muito obrigada por estar informando seu nome. E a senhóora está a falar de que prefixo?

- 51

- Muito obrigada por estar informando seu prefixo, senhóora. Poderemos estar confirmaando o seu endereço, senhóora?

- ........................................

- Muito obrigada por estar .... A senhóora está a poder informar qual estará sendo o seu pedido?

- Eu gostaria daquelas esfihas doces de creme, não lembro o nome.

- Muito obrigada por estar informando... , senhóora. Senhóora, esfihas-folhadas-doces só temos de banana, maçã e romeu e julieetam, senhóora.

- Mas eu comprei na semana passada uma outra apenas de creme.

- Senhóora, estamos lamentando o inconveniente, mas não temos estado à oferecer esfihas doces apenas de cremem, senhóora.

- Tá, esquece a palavra esfiha. Uma coisa parecida com esfiha que seja decreme.

- Ah, senhóooooram! Certamente a senhóora está a falar dos pastéis de belém.

- Bingo!

................

- Então estaremos confirmando o seu pedido, senhóora, e lhe passando o número. O número do seu pedido, senhóora, é 7895446. Caso blá blá blá... (+ 5 min de gerúndios, particípios e senhóoras)

..........

- Senhóora, estamos a agradecer o seu pedido e lhe desejar uma boa noite, senhóoram.

- Obrigada, estarei também a ... CLIC. (sem chances de retribuição)

Comentários:

   Onde e como, em nome do Senhor, está sendo feito o amestramento destas criaturas? É só com muita boa vontade que entendemos que estamos falando com alguém (não um robô) no Brasil. É de uma chatice que até tira o apetite.
E não é um defeito do Habibs, cujo atendimento é muito bom, apesar desta linguagem misto tele-marketing tupiniquim com tele-conferência portuguesa. Quase todos os serviços que usam telefone estão assim.
Antigamente, se poderia esperar esta melação, embora mais improvisada e menos robótica, de um corretor de imóveis. Lembro uma vez que um deles me atalhou na metade da primeira frase e, depois de dez minutos de fala sem-chances de respiração, encerrou com um dramático: - Por favor, deixe-me ser seu corretor!
Parecia que estava me pedindo em casamento. Devolvi a gentileza dele e levei uns dez minutos para parar de rir e deixar ele continuar.
Pois é, mas hoje leva-se o dobro do tempo para pedir seja o que for, por causa destas frases luzitanas, intercaladas das tão amadas por aqui expressões em inglês, e as repetições ad nauseam de toda e qualquer coisa que se diga. Isso, aliado a uma impenetrabilidade frente a qualquer papo mais ameno ou sugestão que se afaste um milímetro no pré-estabelecido no treinamento.
Agora, embora talvez seja eficiente tal treinamento e uniformize o atendimento, anotem aí,... é chato, chato, desgraçadamente chato.

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