- Por gentileza, senhóora. Com quem eu estou a falar, senhóora?
- Meu nome é ....
- Senhóora, muito obrigada por estar informando seu nome. E a senhóora está a falar de que prefixo?
- 51
- Muito obrigada por estar informando seu prefixo, senhóora. Poderemos estar confirmaando o seu endereço, senhóora?
- ........................................
- Muito obrigada por estar .... A senhóora está a poder informar qual estará sendo o seu pedido?
- Eu gostaria daquelas esfihas doces de creme, não lembro o nome.
- Muito obrigada por estar informando... , senhóora. Senhóora, esfihas-folhadas-doces só temos de banana, maçã e romeu e julieetam, senhóora.
- Mas eu comprei na semana passada uma outra apenas de creme.
- Senhóora, estamos lamentando o inconveniente, mas não temos estado à oferecer esfihas doces apenas de cremem, senhóora.
- Tá, esquece a palavra esfiha. Uma coisa parecida com esfiha que seja decreme.
- Ah, senhóooooram! Certamente a senhóora está a falar dos pastéis de belém.
- Bingo!
................
- Então estaremos confirmando o seu pedido, senhóora, e lhe passando o número. O número do seu pedido, senhóora, é 7895446. Caso blá blá blá... (+ 5 min de gerúndios, particípios e senhóoras)
..........
- Senhóora, estamos a agradecer o seu pedido e lhe desejar uma boa noite, senhóoram.
- Obrigada, estarei também a ... CLIC. (sem chances de retribuição)
Comentários:
Onde e como, em nome do Senhor, está sendo feito o amestramento destas criaturas? É só com muita boa vontade que entendemos que estamos falando com alguém (não um robô) no Brasil. É de uma chatice que até tira o apetite. E não é um defeito do Habibs, cujo atendimento é muito bom, apesar desta linguagem misto tele-marketing tupiniquim com tele-conferência portuguesa. Quase todos os serviços que usam telefone estão assim. Antigamente, se poderia esperar esta melação, embora mais improvisada e menos robótica, de um corretor de imóveis. Lembro uma vez que um deles me atalhou na metade da primeira frase e, depois de dez minutos de fala sem-chances de respiração, encerrou com um dramático: - Por favor, deixe-me ser seu corretor! Parecia que estava me pedindo em casamento. Devolvi a gentileza dele e levei uns dez minutos para parar de rir e deixar ele continuar. Pois é, mas hoje leva-se o dobro do tempo para pedir seja o que for, por causa destas frases luzitanas, intercaladas das tão amadas por aqui expressões em inglês, e as repetições ad nauseam de toda e qualquer coisa que se diga. Isso, aliado a uma impenetrabilidade frente a qualquer papo mais ameno ou sugestão que se afaste um milímetro no pré-estabelecido no treinamento. Agora, embora talvez seja eficiente tal treinamento e uniformize o atendimento, anotem aí,... é chato, chato, desgraçadamente chato.