sexta-feira, julho 09, 2004


[mais um artigo sobre o Orkut]

Assim na rede como na vida

Se a febre dos chats, fóruns e grupos de discussão parecem fazer parte da infância da Internet, pode-se dizer que, hoje, o Orkut é sinal de sua adolescência

Vany Paiva *

Há quem diga que ele não passa de mais uma conseqüência inútil da vida on-line. Há quem o considere uma panelinha virtual. Há ainda alguns tais capazes de desembolsar bons tostões para fazer parte dele – mesmo esbravejando contra seu suposto proselitismo. Seus detratores o acusam de ser um clube prive, posto que só tem acesso ao sistema quem for convidado por alguém que já seja membro do mesmo. Por outro lado, há também quem o considere o espaço digital mais promissor criado nos últimos anos, misto de vitrine pessoal e referência cultural. Para o bem ou para o mal, ele é o Orkut ... [Agência Carta Maior]

   No final do artigo, Vany faz uma referência a Castells, citando o seguinte: “a Internet é um instrumento que desenvolve, mas que não muda os comportamentos; ao contrário, os comportamentos apropriam-se da Internet, amplificam-se e potencializam-se a partir do que são. Não é a Internet que muda os comportamentos, mas os comportamentos que mudam a Internet”.
   Quem lê esta frase assim, fora do contexto da obra, que a autora não refere e eu suponho que seja Sociedade em Rede, entende que Castells propõe estas relações como lineares, causa-efeito, e não como relações sociais, históricas e dialéticas que elas são. Sem sair a procura deste texto nos livros de Castells, penso que, de qualquer modo, é interessante ver como ainda permanece este pensamento de linha e não em rede na análise dos fenômenos sociais.
   Ontem ainda, estava lendo um trecho de uma tese (ainda por sair) de uma colega, onde ela usa Kosík para ajudar na teorização sobre significado e sentido, pelo seu princípio da pseudoconcreticidade, onde os fenômenos são entendidos apenas nas suas manifestações externas, na praxis fetichizada, nas representações e tidos como naturais e imutáveis. Num nível onde as relações são engessadas na linearidade.
   Por aí, na pseudoconcreticidade, é que estacionam a maioria das análises sobre os fenômenos da cibercultura. Eu ainda não pude pensar a fundo sobre a estrutura de softwares sociais, como o Orkut, para pegar o seu movimento. (isto é uma coisa) Nem para tentar compreender porque os brasileiros escolheram, aderiram e se instalaram neste específico software social. (isto é outra coisa). E, considerando estas duas coisas, compreender o tipo de relações que acontecem nas comunidades criadas no Orkut, inclusive as que amparam a criação destas comunidades.
   Mas é um assunto interessante e, depois do dia 22 :), vou destacar algumas sinapses para ele.

comentários:

Assinar Postar comentários [Atom]