sábado, junho 19, 2004


[A grande farsa da literatura]


Rodrigo D’Almeida Bertozzi para a Agência Carta Maior

Vivemos a grande farsa, fingimos que conhecemos os assuntos por meio das migalhas jornalísticas televisivas que nos chegam, para esconder a preguiça intelectual. Esta fratura intelectual representada pela falta do hábito da literatura altera o potencial criativo, atrofia a visão de mundo e nos torna presas fáceis para o engodo imposto pela mídia.

Para que ler se temos filmes? Para que nos informarmos se podemos consumir pequenas notas na internet? Por que nos enfronhar nas grandes questões humanos se isso traz a melancolia? Outro fator fundamental para entender esta grande crise que atravessamos é a superespecialização das profissões impulsionadas pela concorrência, obrigando os profissionais a estarem somente atentos a sua profissão e à atualização da mesma, ficando em segundo plano a formação de uma visão mais sistêmica que poderia ser obtida por meio da literatura.

O marketing bem trabalhado pelas editoras nacionais, impulsionados pela força mundial dos best-sellers fez com que o domínio do mercado nacional seja de obras americanas ou de autores anglo-saxões. É mais fácil comprar os direitos autorais de uma máquina em andamento do que investir a fundo perdido em um autor desconhecido. Ou seja, nem sempre o que move a indústria do livro é a qualidade, mas o potencial do produto. Na visão de Pierre Lepape, autor francês, o livro não tardou muito a submeter-se às normas da gestão industrial e da rentabilidade financeira com a visão do lucro predominando sobre a arte.


:: ler

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