sexta-feira, abril 02, 2004


[como é que eu aprendo]


Atendendo a pergunta da Viviane, vou pensar aqui sobre como eu estudo/aprendo.

Geralmente, eu começo sozinha a partir dos meus interesses. Levanto todos os dados possíveis sobre a coisa. Onde? Nos livros, na web, em princípio. Tanto em livros como na web, verifico os autores de uma forma mais abrangente, em outras obras, na opinião de outros autores, interlinkando algumas relações. Às vezes isso é suficiente.
Quando não é, procuro as pessoas que eu penso que podem me ajudar no assunto. Quem? Qualquer pessoa que eu 'pense' que entenda do assunto. Primeiro, contato as pessoas em quem eu tenho confiança, depois as outras possíveis .... Se eu não conheço ninguém, peço indicações e busco na web indicações. Neste caso, dou uma checada nos phds, não que isso seja determinante, mas é uma referência.

Como trabalho estas informações?
Leio, anoto, critico, procuro aprofundar algumas, descarto outras. Escrevo, de uma forma simples o que penso do que estou lendo, para guardar a referência e trabalhar melhor depois.
Às vezes, é preciso uma segunda rodada na busca de informações, usando alguns filtros, depois desta seleção / apreensão.

Na prática:
Gosto de usar caderno, lapiseira e borracha. Anoto coisas assim:

p. 101 - favelas são emergentes, mas nem por isso devemos nos conformar com a sua existência
#o que é emergente não é necessariamente parte de uma ordem natural e, portanto, um destino traçado. (determinismo)#
Onde: p. 101 = página do livro; o texto sem " é a idéia do autor, mas não literal; o texto entre " seria citação do autor; o texto entre # é meu.
Às vezes, coloco alguns esquemas e desenhos.

As informações transformam-se em conhecimento?
As que incorporo na minha prática sim. Mesmo as que incorporo como negação - isso não faço ou não concordo...
Outras só serão conhecimentos em outras rodadas / peneiradas, em outras circunstâncias, outros momentos.
Acredito na idéia de Kósik de
que só conhecemos mediante a prática social.
Segundo o autor (KOSÍK, 1976) a realidade não se mostra imediatamente ao homem. A realidade, no cotidiano, apresenta-se às pessoas como parte sensível e prática de suas atividades. Na teia de relações sociais, as coisas não são normalmente e a priori tomadas como "objetos de investigação" aos quais cabe analisar e compreender teoricamente. Por isso, muitas vezes, as pessoas conhecem ou manejam a realidade, mas não a compreendem. A divisão do trabalho coopera para a fragmentação do conhecimento e a visão parcial da realidade imediata e, também, para a aceitação de afirmações que até invertem o sentido das coisas.
Para Kosík (1976), as coisas só podem ser conhecidas por meio de uma atividade. Faz parte deste movimento de compreensão, analisar a atividade por meio da qual a coisa pode ser compreendida. Analisar criando esta atividade, que, por sua vez, é um modo de conhecer a realidade, ou maneira como conferimos sentido à coisa. (.. da minha dissertação)
Leio e releio muito. Possivelmente, eu não tenha um só livro que não tenha sido lido pelo menos duas vezes.
Ainda não estou adaptada a ler/escrever somente na tela. Preciso de outros lugares, almofadas, livro nas mãos. Preciso riscar. Ficar na frente do computador, conforme a minha realidade atual --> desktop, cadeira de escritório, teclado numa posição alta demais, monitor baixo. -- não motiva. O dia que inventarem, se já não inventaram, uma PoltronaPC, com inclinações, deslocamentos e suportes diversos, eu mudo o estilo.


comentários:

Assinar Postar comentários [Atom]