A mãe indócil na cozinha. Comida pronta, caipirinha finalizada. Os bárbaros rondando a mesa.
- Cadê os bolinhos, vó???????
Cacofonia de:
- Velhinha, tá na hora!
- sai daí, guri!
- Quem sentou o rabo molhado na minha canga?
- já deram comida para estes pobres animais?
Não, não eram os bárbaros, que neste fim de semana vieram com algumas baixas. Eram os cachorros, mesmo, que faziam a sua ronda no chão, por baixo da mesa, por entre pernas e havaianas.
As gatas, cautelosamente, ocupavam o espaço aéreo dos armários e janelas.
Barulho de louça. Uma certa expectativa no ar.
Foi aí que deram falta do Jorge Arlindo.
- Ele disse que voltaria antes das duas...
- Já são duas e meia - sentenciou o pai, com aquela cara de almoço deve ser servido na hora do almoço.
E lentamente virou para o relógio e, depois, para a audiência, só para deixar registrado que duas e meia, certamente, não era mais horadoalmoço.
Penso que foi por aí que a ficha caiu:
Jorge Arlindo atrasado para uma refeição...
...silêncio preocupado...
-Mãe, ele sabia que tinha lingüiça do Bola no feijão?
- Sabia...
... suspense ...
A constatação definitiva:
- Morreu! - disse um dos guris.
... discretamente a viú, digo, a Mana pegou o telefone...