domingo, fevereiro 22, 2004


Aqui no sul, bagunça familiar não vira em pizza, vira churrasco. Pois é, vim para cá enquanto os bárbaros dão conta dos escombros.
Já passou aquela fase voraz, do salve-se quem puder. A maioria está feito jibóia, fazendo a digestão. Os cachorros roendo e enterrando ossos. As gatas, para variar o cardápio, comeram a ração dos cachorros.
Neste momento, um clamor ganha os ares lá na cozinha. Pelo jeito estão disputando o final da sobremesa a tapa.
Eu reluto de sair daqui da cama, talvez não tenha oportunidade de voltar.
Continuo pensando no passado-presente e nos relatos que estetizam o que não se viveu e mantém práticas nem tão praticadas como se fossem o passado de um presente que nunca existiu. É de cair na real de decifrar o nosso agora, de iluminar nossos espaços e tempos. Entender a angústia de Proust.
Vai ver é por isso que ando com saudades de ter uma câmera digital. Saudade de uma coisa que nunca fiz, de imobilizar, por instantes o fluxo da vida. De lembrar e lembrar de lembrar.
Sei lá se é a idade, mas hoje eu vejo o que vivo, além de viver.

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