Aqui no sul, bagunça familiar não vira em pizza, vira churrasco. Pois é, vim para cá enquanto os bárbaros dão conta dos escombros. Já passou aquela fase voraz, do salve-se quem puder. A maioria está feito jibóia, fazendo a digestão. Os cachorros roendo e enterrando ossos. As gatas, para variar o cardápio, comeram a ração dos cachorros. Neste momento, um clamor ganha os ares lá na cozinha. Pelo jeito estão disputando o final da sobremesa a tapa. Eu reluto de sair daqui da cama, talvez não tenha oportunidade de voltar. Continuo pensando no passado-presente e nos relatos que estetizam o que não se viveu e mantém práticas nem tão praticadas como se fossem o passado de um presente que nunca existiu. É de cair na real de decifrar o nosso agora, de iluminar nossos espaços e tempos. Entender a angústia de Proust. Vai ver é por isso que ando com saudades de ter uma câmera digital. Saudade de uma coisa que nunca fiz, de imobilizar, por instantes o fluxo da vida. De lembrar e lembrar de lembrar. Sei lá se é a idade, mas hoje eu vejo o que vivo, além de viver.