segunda-feira, janeiro 12, 2004

s bárbaros partiram


Minha avó materna era uma fonte de ditados. Não os consagrados tipo querer é poder ou os gauchescos frio de renguear cusco. Ela usava os ditados criados no seu cotidiano, fruto das repetições, das permanências. De alguns deles se descobria as origens, de outros permanece o enigma, embora não percam a sua sonoridade.

Minha vó era uma pessoa tri alegre e muuuuito solta. Quando alguém espirrava, ela não dizia o convencional saúde! ou o caridoso Deus te crie; largava logo um abusado merda pro fole!. Como muitos dos seus irmãos e primos trabalhavam embarcados em vapores e meu avô era carpinteiro naval, acho que o linguajar passava pelo tombadilho...

Minha mãe constantemente cita a vó, assim como a avó de Proust citava Madame de Sevigné :) Ontem, na hora da partida dos bárbaros, com a família toda reunida na calçada para as despedidas, recomendações e últimos xingamentos, ela lançou um dos ditados da vó. O pior que foi um dos de marinheiro...

Quando perguntaram pelo Lucas, o único que faltava no carro, alguém explicou:

- Ele foi ao banheiro!

A mãe, na maior felicidade e sem notar o grupo que vinha passando na calçada, emendou:

- Que nem o cachorro do Arguiel: quando atiçam, vai ca***...

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