Recebo relatos de companheiros que estão participando da CMSI, em Genebra, e eles tem apontado que o evento vem sendo uma conferência das grandes empresas, pois seus temas permeiam todos os espaços. Além disso, os relatos contam que o recinto, que deveria ser o de um evento que discute importantíssimas questões sociais, se parece mais com uma feira comercial.
Uma das polarizações do debate é sobre o governo da Internet, que separa de um lado paises em desenvolvimento e organizações da sociedade civil e, de outro, Estados Unidos e a União Européia. Na forma como está estruturada a conferência, a sociedade civil tem voz apenas nos discursos, não tendo possibilidade de colocar nos documentos oficiais as suas reinvindicações e propostas.
"Es una cumbre para las grandes empresas y los gobiernos, hay poco espacio para las ONG y los representantes de la sociedad" manifestó el contacto de Radio Mundo Real, Evan Henshaw-Plath.
Cresce o sentimento de que a convocação da sociedade civil se deu somente na intenção de legitimar a Conferência, que só pretende atender o interesse das empresas e dos governos. Ironicamente, numa conferência onde se objetiva a redução da brecha digital, a conexão à internet é fornecida gratuitamente por algumas horas, o tempo excedente deve ser pago.
A verdadeira Conferência das organizações da sociedade civil vem se realizando em paralelo e não sem repressão. Os espaços que lhes são destinados, em alguns casos, não contam nem com aparelhagem de som e telefones. O aparato de segurança, além de emperrar a movimentação das pessoas, ainda se constitui num mecanismo de controle, pois conta com um chip que permite rastrear as movimentações.
Sobre o Software Livre e o fundo de solidariedade digital, Evan Henshaw-Plath, conta que as quantias milionárias que os paises em desenvolvimento comprometem com a Microsoft se constituem numa nova forma de dívida externa.