terça-feira, novembro 04, 2003


[hoje]

Comecei o dia com general lá no CM. Formatura, apresentação, ritual completo. O diferencial era o novo visual dos professores: a maioria se rendeu às diretrizes de não usar jeans e tenis, pelo menos nas solenidades. Resultado: além do visual, tinha o olfatual:)) Naftalina à mil nas calças de tergal desenterradas dos baús.
Lá pelas 10 fui para a Ufrgs. Dia lindo :) Deixei o carro no CM e atravessei a Redenção, não no meio dos caminhantes, peguei as trilhas da esquerda e aproveitei para localizar uns bons pontos para Orientação.
Na Ufrgs, fui direto para a sala de aula. Não faço esta disciplina, mas o Prof Triviños me solicitara passar lá para a apresentação sobre o livro. Assisti parte das apresentações de trabalho sobre o livro da Ellen Wood e decidi blogar algumas reflexões que eu tinha feito, durante a leitura. Aí vai um pedaço.

Ellen Wood, no seu livro Democracia contra Capitalismo, constrói sua análise partindo de uma contradição inicial:
No momento em que a autoproclamada vitória do capitalismo e derrocada do socialismo realmente existente (leia-se URSS), deveria dar espaço e deflagrar uma retomada da crítica ao capitalismo, a esquerda silencia ou se retrai. Um movimento que, em alguns casos, configura-se numa rendição, e em outros constitui-se numa resistência situada, cada vez mais, nas margens e nos poucos espaços deixados pelo sistema em sua reprodução.
A meu ver, o ponto central desta contradição consiste na aceitação da naturalização do vínculo entre derrota do socialimo e triunfo do capitalismo, numa relação linear de causa efeito que desconsidera as nuances e a crítica ao quê foi vitória, ao quê foi derrota e em que dimensão. Isso mostra o nível em que os intelectuais de esquerda abandonaram o método marxista, ou por aderirem à fragmentação pós-moderna, ou por engessarem o materialismo histórico em dogmas e ritos.
Dentro deste quadro de naturalização das leis do capitalismo como leis universais, Ellen Wood identifica corretamente a crença que se generaliza de um futuro inelutavelmente capitalista, onde se universaliza uma lógica que é particular. Esquece-se, então, o caráter histórico do capitalismo, sua condição de sistema dotado de uma lógica específica, de dimensões econômicas e políticas indissociáveis.
Nesta perspectiva, o marxismo ainda oferece instrumentos conceituais adequados para a crítica ao capitalismo. Uma retomada da crítica da economia política com o necessário exame das categorias à ela associadas, à luz das transformações ocorridas no sistema. Esta proposição, porém, encontrará obstáculos na própria divisão do pensamento marxista. Mas isso é outro assunto :)

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