sábado, novembro 01, 2003


capturado lá do site da feira
[feira do livro]

Chove lá fora :) Normal... Ontem abriu a Feira-do-Livro em Porto Alegre. A chuva já é companheira antiga deste espaço-tempo que é um dos mais queridos de Porto Alegre.
Desde que posso me lembrar, várias versões minhas já reviraram os estandes e balaios da feira-do-livro. Puxada pela mão, em um bando alucinado e uniformizado, em bando mais alucinado ainda e desuniformizado, light com alguns amigos, sozinha e arrastando correntes. Os livros sempre fizeram parte da minha vida, desde aqueles de pano, que, aos poucos iam ficando sujinhos e com um cheiro característico, até que alguém insensível os lavasse ou jogasse fora. Não lembro quando aprendi a ler. Foi em algum momento entre decorar os livros que meu pai lia para mim e o colégio.
Uma coisa é certa, junto com a escola, o espaço da cidade que primeiro apareceu na minha vida foi a biblioteca pública. Uma pequenininha e infantil que havia na Praça Pinheiro Machado. No tempo em que crianças de oito anos podiam andar sozinhas pela cidade, era um lugar onde eu sempre ia.
Para mim, foi maravilhoso o fato de que lá eu podia ler e, incrível!, levar os livros para casa. Embora minha família estimulasse tudo que era relativo a estudo, escola, livros, não havia muita verba para comprar livros. Então, a biblioteca foi uma das primeiras e grandes descobertas.
Mais tarde veio a feira do livro que, junto com a minguada mesada, me deu acesso aos primeiros livros realmente meus.
Uma coisa interessante e que não sei se era regra na época, mas líamos muito. Falo na turma do colégio. Líamos, trocávamos os livros, descobríamos bibliotecas e sebos, acompanhávamos lançamentos, até no submundo das obras proibidas. Filmes sobre livros eram assistidos, re-assistidos, comentados, comparados e criticados. Havia um espaço na vida onde estas coisas eram muito importantes. Mesmo mais tarde, na época da faculdade e do trabalho.
A meu ver, este espaço sumiu com a progressiva aceleração que a vida de todos teve, e continua tendo. Uma aceleração que superdimensiona o trabalho (aqui entendido na sua dimensão de labor diário) e diminui os espaços do outro trabalho (trabalho na concepção de marx de produção da vida).

:: recomendo: Novas mídias, novos autores com João Paulo Cuenca, Joca Terron, Marcelino Freire, Daniel Galera e Daniel Pelizzari, na Sala Leste do Santander Cultural, às 17h.




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