domingo, novembro 30, 2003


[communitas, algumas anotações]


para completar depois. (de trabalhos meus de 2002)

Victor Turner (1974), ao estudar os processos rituais de comunidades primitivas, identificou um momento do processo, fase de liminaridade, onde havia uma perfeita e horizontal interação entre os participantes, onde todas as hierarquias se anulavam e se instalava uma nova relação entre as pessoas. Neste estágio, surge um sentimento de fraternidade e integração entre os membros da comunidade onde suas identidades são direta e imediatamente confrontadas, livres de divisões sócio-culturais. Chamou este estado de communitas. Posteriormente, Turner estendeu às sociedades modernas a existência de períodos onde agrupamentos humanos podem experimentar o estado de communitas. Podemos citar como exemplo a interação que aconteceu em alguns eventos nos anos 60 e que deram origem ao movimento hippie como comunidade.
Pode-se associar estes conceitos de Turner à possibilidade de transformação social pelo movimento dialético entre as fases liminares e uma reestruturação da organização social. A comunidade emerge deste processo de suspensão da ordem reconstruída sob novas perspectivas.

Bakhtin, identificou processo semelhante nas festas populares como, por exemplo, o carnaval.

"Sobre a visão carnavalesca do mundo se assenta, para o autor, uma cultura carnavalesca de que decorrem grandes obras, como as de Cervantes ou Dostoiévski ou o picaresco em geral." (BARROS, 1994, p.7)

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A memória, a religião, a imaginação e, mais recentemente, a informática e as redes digitais são ferramentas que usamos para virtualizar, para desterritorializar, reconfigurar, enfim, uma solução existente numa nova abordagem problemática. Podemos virtualizar uma ação, uma instituição, uma pessoa tornando-os, conforme Michel Serres (1994), uma "não presença". Ao fazer isso rompemos as amarras que os ligam a um tempo e a um espaço determinado, possibilitando que, ao mudar o foco do ser para a sua questão, possam se evidenciar relações entre "privado e público, próprio e comum, subjetivo e objetivo, mapa e território, autor e leitor, etc." (Pierre Lévy, 1996)
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