quarta-feira, outubro 15, 2003


[dia do professor...]


Enquanto os professores necessitarem trabalhar os três turnos do dia, atendendo 27 - 30 turmas de 40 alunos, por semana, em condições precárias de trabalho, não tem sentido falar em educação. Por anos, temos ouvido discursos sobre 'qualidade de ensino', 'direito à educação', e outros chavões, mas a realidade mostra que as condições de trabalho e de vida dos professores, as condições das escolas e da educação decaíram nos últimos 20 anos. Falo da educação pública que é a que atende a maioria da população que pode ir à escola.

As políticas educacionais vigentes no Brasil vêm correspondendo ao que postulam organismos internacionais, tais como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), e, com cada vez mais amplitude, a OMC. Estes organismos sugerem políticas educacionais sensivelmente diferentes para os paises ricos e para os paises empobrecidos. Dentro do discurso ideológico de uma possibilidade de desenvolvimento, desde que obedecidas as leis do capital internacional, propõem aos paises empobrecidos a posição de consumidores no que concerne a ciência e tecnologia. E, na concretização destas políticas, contam com a intervenção da própria educação nacional.

Estas políticas têm como ponto comum a flexibilização que institui na educação a mesma precarização que já se instalou no mundo do trabalho. Reduzem a formação ao treinamento em serviço das habilidades e 'competências' solicitadas pelo mercado. Condicionam a liberação de financiamentos à implementação destes programas

A educação se compõe de atos políticos e é indissociável das decisões políticas que a definem. Como ação política, a educação, que inclui a formação do professor é uma das vias de emancipação humana.

Hoje, quando a formação do professor vem sofrendo as conseqüências da desvalorização da educação como formação geral do ser humano e quando a educação que nos é destinada é a que instrumentaliza para nichos que um mercado flexível abre aqui e fecha ali, podemos constatar que nossas dificuldades, embora a luta e os avanços conseguidos, ainda persistem com muitas semelhanças.

Nesta perspectiva e no caso da América Latina, assumindo a posição de quem olha de dentro deste contexto sofrido, cheio de desigualdades e carências, transformar a educação é parte da transformação da realidade, significa ter esperança e lutar pela emancipação humana. Lutar e manter a esperança crítica que, como diz Paulo Freire, é a condição da solidariedade.

É essa, colegas, a mensagem para todos os nossos dias: ter esperança e lutar. Felicidades!



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