sábado, setembro 20, 2003


[Sábado, 20 de setembro - Argentina]

De uma certa forma, entramos numa Argentina mais humilde. Não. Nem tão humilde, quanto envergonhada. Como depois comentou um chileno:
- Eles pensavam que eram a Europa da América Latina...
Venderam aos poucos o seu país para transnacionais que, quando a coisa apertou, levaram o que puderam, deixando um rastro de perdas. Perdas não só econômicas, mas, também, outras perdas irreparáveis, como a da esperança. Olhando nos olhos deles, lembrei do nosso poeta:
"Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de vela amarelada,
Como único bem que me ficou."
Mário Quintana

Buenos Aires perdeu um pouco a pose. A calle Florida não é mais diferente da Rua da Praia. Por outro lado, embora o desalento, Buenos Aires parece mais humana e solidária.
Faço estes comentários porque foi possível passear por Buenos Aires, graças a incompetência da conto-do-vigário bus, que não reservou nossas passagens para Santiago e, ainda por cima, quase nos envia para Santiago Del Estero. No último minuto notamos o êrro nas passagens.
Resultado: vagamos, em vão, na busca de passagens. As comemorações do Dia da Pátria, no Chile, absorveram todas as passagens para Santiago. À custo conseguimos passagens para Mendoza, num ônibus que sairia às 18h:30min. A idéia era tentar chegar à Santiago, conseguindo algum transporte a partir de Mendoza.
Quando a desgraça é certa, o negócio é rir dela. Pelo menos isso dá alguma dignidade. Claro que amaldiçoamos o pessoal da piada bus até a quinta geração.
Almoçamos na calle Florida à preços brasileiros e passeamos até a hora do embarque. O Wilton atrás de um gorro para o filho e nós atrás do Wilton. Estas alturas o Silvio já o havia re-batizado de Amazonino. Situando melhor, o re-batizado foi precisamente depois do acidente da escada rolante. Pois é, ... Na pressa de nos livrarmos das malas para irmos almoçar, andamos depressa demais num lugar que não combina muito com malas. A escada rolante. Bem no meinho dela o Wilton resolveu virar para trás para ver se a Carmen tinha conseguido entrar na escada com as 32 sacolas e... crash! A escada levou a mala, que levou o Wilton. Só não foi um strike porque não havia ninguém abaixo dele. Só eu e o Silvio ao pé da escada rindo, é claro. Um atento funcionário desligou a escada assassina e pudemos recolher nossos amigos e pertences. Foi aí que o Wilton, que já estava na sua 45587 hora de viagem desde o interior do Mato Grosso, virou Amazonino.
Felizmente o ônibus para Mendoza era bom. Parecia um avião, com serviço de bordo e tudo. Um avião latino, porque até Bingo teve depois da janta.
Bah... 14h até Mendoza e eu me cronometrando para ir ao banheiro uma só vez...

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