sexta-feira, setembro 19, 2003


[Porto Alegre, 19 de setembro - Rumo à Santiago]

A mala ficou um monstro. Tão pesada que não consegui descer as escadas com ela. Tive que chamar alguém maior que eu. O estranho é que não estou levando muita coisa. Tentei colocar tudo na mala para não ter de carregar mais nada além da minha pasta e do travesseiro de estimação.
Considerando que só temos dois braços e um pescoço, esta providência é importante.
Cheguei cedo na rodoviária e passei no guichê da flecha bus para conferir as passagens e receber uns pilas que haviam cobrado á mais. Encontrei Carmen, Wilton e Silvio no terminal no meio de um pesadelo de malas e sacolas. Despachada as tralhas e já no ônibus, descobri que o meu tão escolhido e conferido lugar não era o que eu havia marcado. Reclamei e, como haviam muitos lugares vazios, pude sentar num banco sozinha :))
Partimos. Animação total. Foi uma viagem tranqüila. Uma galera de estudantes de Panambi, indo para um intercâmbio em Buenos Aires, tagarelava alegremente.
Paramos em São Gabriel para jantar e chegamos em Uruguaiana/Paso de los Libres perto da meia noite. Foi mais ou menos rápida a tramitação na aduana. Eles estão mais interessados em vegetais e animais silvestres do que em humanos que andam de ônibus.
Aliás, humanos no limite da humanidade circulavam livremente a sua miséria entre os dois países, esmolando em português e castelhano. Demos nossos lanches para as crianças, com aquela culpa que, quem come, costuma carregar.
Fronteiras... Tão zelosas pelo que entra ou sai. Às vezes, tão intransigentes com a diferença. Tão cegas que não notam o trânsito fácil da miséria, que se expande dos dois lados.

:: continua em outros posts ou aqui.

comentários:

Assinar Postar comentários [Atom]