domingo, setembro 21, 2003


[Domingo, 21 de setembro - MENDOZA]

Uma reta entre pomares e vinhas, assim é a estrada que chega a Mendoza. Um solo de terra clara, lembrando areia de praia, plano até virar montanha. A cordilheira faz um fundo magnífico para a cidade.
Chegamos mais ou menos às nove horas da manhã e nos reunimos num canto da rodoviária para planejar alguma estratégia para chegar a Santiago. Silvio e Wilton ficaram com as bagagens e Carmen e eu iniciamos a peregrinação. Nem nos demos ao trabalho de passar no guichê da trambique bus.
Nada de conseguir passagens. Tentamos até carros particulares, bem mais caros. Porém, em nenhum deles nossas malas cabiam. Bem... Depois que conheci o passo da cordilheira, agradeci a Deus pelas malas!
A esperança estava no finzinho e já estávamos nos acostumando à idéia de ir para um hotel. Aliás, depois de duas noites nos "leitos" e de andar rebocando a monstromala por várias horas, eu já estava achando maravilhosa a idéia de hotel.
Foi aí que o milagre aconteceu. O Silvio caminhou até o fim do terminal conferindo, pela enésima vez, se não havia algum lugar onde não havíamos estado. Perto do final, desistiu e ficou parado no meio do corredor pensando o que fazer. - esta parte ele conta melhor - Seu rosto devia estampar toda a desolação do momento e chamou a atenção de um atendente da CATA (uma empresa de ônibus).
- Que pasa, Señor?
Esta pergunta salvou o nosso dia! Descobrimos que os diversos guichês com o nome de uma mesma empresa, na realidade, eram independentes. E aquele guri querido tinha as nossas passagens, as quatro últimas do último ônibus que sairia as 23h:30min. Negócio fechado.
Deixamos as malas com ele, pegamos alguns folhetos turísticos e fomos alegremente conhecer Mendoza. Até esquecemos os quase dois dias sem banho e as dores nas costas. Aliás, este tópico: Baños, é um tópico que merece um post inteiro. Fazer xixi fora do Brasil custa cinquenta centavos, no mínimo, sem nenhum direito assegurado sobre o estado do 'baño'.
Caminhamos, visitamos praças, feirinhas, olhamos vitrines e escolhemos um restaurante com mesas na calçada para almoçar. Viño! Mais precisamente, três jarras de vinho de Mendoza. Lomo y ensaladas... Nada como tempo sobrando e preços razoáveis. Brindamos aos amigos, aos conhecidos e aos desconhecidos, também. Brindamos quase o mundo todo, com excessão da folgada bus.
Resolvemos, então, andar até a nossa programação da tarde: uma festa popular na Plaza Pedro del Castillo. Tarde quente e bonita, mas, umas dez quadras depois, o nosso entusiasmo já não era o mesmo. Chegamos na praça, que ainda estava vazia. Apenas umas poucas pessoas perto do prédio do Museu se movimentavam preparando a festa.
Sentamos no gramado à sombra das árvores. Vento suave, passarinhos calados, em minutos estávamos dormindo. Carmen e Silvio abraçadinhos roncando, Wilton fazendo a segunda voz. Eu não ronco, pelo menos que eu escute.
Quando acordamos, já havia uma pequena platéia nos observando com curiosidade. Sentei logo, antes que um dos cachorros levantasse a perna em mim.
A festa estava iniciando. Uma pequena feira, músicas típicas, famílias inteiras acampadas. O povo dançando chacareiras nas calçadas e nos gramados.
A idéia era não deixar morrer a tradição e a cultura que se evidenciam através da música e da dança. Os casais, com idades dos 35 em diante, se revezavam animando a gurisada a dançar. Demorou bastante para que os mais jovens aderissem. Um professor de dança ia dirigindo os passos, corrigindo movimentos, animando. Pelo que entendi, nascia um novo grupo de danças em Mendoza. Bonito dançar assim na rua.

:: o começo e o fim disso tudo estão aqui

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