gutierrez/su

[eles são mais que inimigos... são irmãos.]

Quando eles eram pequenos, precisei construir um Myke Tyson quase do meu tamanho para que ele não treinasse boxe na irmã. Ela, as vezes, se admirava, e elogiava: -Este guri faz coisas inacreditáveis! Ele respondia: - Mãe, eu não sei o que é isso, mas eu acho que vou bater nesta guria....
Aí eu puxava o Myke Tyson.
Algum tempo depois, ela, da arrogância dos seus femininos dez anos anos decidia: Este guri fede! E ele, fedelho ainda, invadia o quarto dela como se fosse o exterminador do futuro e instalava o pânico entre as bonecas.
Os cachorros, desde o início foram dela, em qualquer situação se posicionam e fazem um escudo protetor em torno da rainha. Um escudinho, já que são poodles. Mas o barulho ajuda.
Mais tarde, bonita e implacável, ela dizia: - Decididamente este guri fede! Ele, pré-adolescente, gordinho e se achando o último, se entristecia. Se bem que, nestas ocasiões, sempre acontecia algum infortúnio com uma das últimas aquisições dela...
A uns dois anos atrás, a paz, as gentilezas recíprocas. Penso que até vi eles se abraçando... Claro, que isso foi no tempo em que ele estava morando com o pai :)
Ontem, enfim a normalidade. Ela pegou os pratos usados e outros ... lixos (ela disse) que ele deixara na sala e os levou para a cozinha? Não... Jogou no quarto dele, é claro. Ele acordou e... jogou pó de café na cama dela. Ufa! (Myke Tyson faleceu faz uns dez anos).
Quando me contaram, humildemente apontei que atirar pó de café era um luxo impensável. Afinal, temos alguma terra no pátio. Fico na dúvida se, nessses nossos tempos, atirar um pouco da pouca terra que se tem não é um desperdício maior, simbolicamente.
Ainda bem que o lindo e forte gato em que se transformou o meu gurisinho não resolve mais as coisas no tapa. E a briga nem foi tanta. Foi mais para não perder o costume. Enfim, ela até deixou uma lasanha para nós igualzinha a que fez para levar para o namorado :)
Ah... os cachorros ainda vivem. E continuam do lado dela.